Sunday, August 13, 2006

Exército hebraico não cede


Apesar dos esforços arrebatados de Annan para salvar o Hizbollah as IDF seguem a sua ofensiva gloriosa...

O Primeiro de Janeiro (OPJ) de Quarta-Feira, 09 de Agosto de 2006

Israel avisou ontem a população libanesa de que bombardeará qualquer veículo que circule a sul do rio Litani, o que inclui a cidade de Tiro, no sul do país. O dia voltou a ser marcado por intensos combates entre as forças hebraicas e o movimento xiita Hezbollah... Qualquer veículo que circule a sul do Litani será bombardeado, “pois será suspeito de transportar foguetes e armamento para terroristas”, advertiram os israelitas através de panfletos escritos em árabe, lançados pela aviação hebraica. O Litani, dependendo do curso do rio, situa-se a uma distância de entre cinco a 30 quilómetros da fronteira com Israel, lançando-se no Mediterrâneo a cerca de 70 quilómetros a sul de Beirute e a seis quilómetros a norte de Tiro. O “exército vai intensificar a ofensiva e atacar com maior intensidade elementos terroristas que vos utilizam como escudos humanos e lançam mísseis do interior de vossas casas em direcção ao Estado de Israel”, podia ler-se também nos panfletos. “Saibam que qualquer pessoa que circule a bordo de um veículo está a colocar a sua vida em perigo”, advertia ainda o texto. Depois de terem sido lançados os panfletos, as ruas de Tiro e as estradas de acesso a essa cidade ficaram totalmente vazias, à excepção de alguns veículos de socorro e de jornalistas. O exército israelita impôs, desde segunda-feira à noite, uma proibição de circulação de veículos na região, na perspectiva de um “alargamento das operações contra o Hezbollah no sul do Líbano”.

Intensos combates

Os bombardeamentos israelitas, os ataques do Hezbollah e os combates no sul do Líbano prosseguiram ontem, enquanto o Conselho de Segurança da ONU, animado com a decisão de Israel de estudar uma proposta libanesa que lima os pontos de desacordo sobre o texto, analisava alterações à proposta de cessar-fogo. O primeiro-ministro hebraico, Ehud Olmert, garantiu que a ideia do seu homólogo libanês, Fuad Siniora, de destacar 15 mil soldados na fronteira com Israel – aceite pelo Hezbollah – “é interessante” e que o seu Governo a vai estudar. Para Beirute, o destacamento de tropas libanesas, que requer a retirada simultânea dos soldados israelitas, supõe “uma saída para a actual situação que permitirá alcançar um fim efectivo das hostilidades”. Entretanto, o Conselho de Segurança da ONU reuniu-se com uma delegação da Liga Árabe, cujos membros se opõem a que no acordo alcançado entre a França e os Estados Unidos não seja exigida a retirada de Israel do sul do Libano.

Reservistas à espera

No terreno, milhares de reservistas israelitas continuam a aguardar ordens para prosseguir pelo menos até ao rio Litani. A zona fronteiriça foi de novo palco de intensos combates, particularmente nos subúrbios de Bint Jbeil, segundo fontes das forças armadas de Israel. As fontes indicaram que morreram dois soldados israelitas e cinco ficaram feridos nessa localidade, enquanto dois reservistas morreram em Labuna. O Hezbollah disparou da parte da manhã 41 mísseis katiusha, metade dos quais caíram em Kiriat Shmona, onde uma pessoa ficou ferida. Os habitantes foram transportados para outros pontos do país. O lançamento desses katiusha – que atingiram também Naharia, Tiberíades, Carmiel, Safed e várias localidades árabes da Galileia –, foi a resposta do Hezbollah aos bombardeamentos aéreos, cujos aviões atacaram durante madrugada 87 objectivos. Pelo menos 20 pessoas morreram e outras 50 ficaram feridas segunda-feira à noite, num ataque, no bairro de Shiaj, no sul de Beirute, segundo a televisão local LBC, que informou da existência de outras 15 vítimas em diferentes ataques na mesma zona. O bombardeamento foi cometido na altura em que o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, qualificava o ataque de Israel contra um edifício da localidade libanesa de Caná – onde morreram pelo menos 28 civis –, uma violação do direito internacional.

Israel controla o sul do Líbano
OPJ de Sexta-Feira, 11 de Agosto de 2006

A cidade cristã de Marjayoun foi ontem tomada pelo exército israelita, com os tanques blindados a movimentar-se sem resistência naquela localidade do sul do Líbano. A ONU apelou de novo ao diálogo e Kofi Annan lamentou que a questão palestiniana tenha sido esquecida. O exército israelita assumiu ontem o controlo da cidade de Marjayoun, no sul do Líbano, após breves combates em que o Hezbollah tentou travar a progressão dos blindados hebraicos, que circulam agora nas ruas tortuosas daquela cidade, de maioria cristã, a sete quilómetros para norte da fronteira entre os dois países, sem encontrar qualquer tipo de resistência. O Hezbollah disparou tiros de foguete anti-blindados, mas não conseguiu travar a ofensiva. Os militares libaneses presentes no sector ficaram confinados à caserna junto à cidade. A aviação israelita realizou uma dezena de raids na entrada sul, enquanto o exército também avançou na localidade de Qlaiaa, na estrada que liga Marjayoun a Khiam, onde os blindados tomaram posição. Durante a noite, unidades israelitas provenientes de Metulla progrediram cerca de sete quilómetros em terreno libanês. Uma coluna de blindados apoiada por tiros de artilharia contornou as povoações de Burj Al Muluk e Qlaia e rumou a Khiam, onde se encontram entrincheirados combatentes do Hezbollah que dispararam contra os blindados, enquanto a força aérea israelita bombardeava Khiam. Fonte militar de Israel assegurou que não teve ainda início a ofensiva terrestre no sul do Líbano aprovada na quarta-feira pelo governo, classificando a operação de ontem como “pontual”. O porta-voz do governo de Telavive disse que o primeiro-ministro e o ministro da Defesa foram mandatados para decidir o momento em que a operação deve começar, esclarecendo que ela visa reduzir substancialmente os tiros de foguetes contra Israel.

Repto ao diálogo

O secretário-geral da ONU considerou ontem “absolutamente injustificáveis” os ataques israelitas contra a população na Faixa de Gaza, e a detenção de políticos palestinianos. Em comunicado, Kofi Annan expressou também preocupação pelo facto de os acontecimentos no Líbano terem desviado a atenção da questão palestiniana e da busca de uma solução para os territórios ocupados. Annan mostrou-se agastado com a detenção arbitrária de políticos palestinianos, incluindo o presidente do Conselho Legislativo Palestino, e pediu o fim dos ataques contra civis israelitas na Faixa de Gaza, instando as partes a “retomar o diálogo sem demora”.Os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU fez anteontem à noite modestos progressos na discussão sobre um projecto de resolução visando pôr fim às hostilidades no Líbano. “Foi uma boa discussão”, afirmou o embaixador norte-americano John Bolton, após uma reunião de duas horas com os colegas na missão britânica junto da ONU. “Apesar dos problemas não terem sido resolvidos, a discussão acabou por ser produtiva. Estamos a aproximar-nos sobre os meios necessários para resolver os problemas, mas não quero subestimar as dificuldades”, vincou.

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(A célebre idiotia do Conselho Português para a Paz que vem recidivo da colaboração vergonhosa dos tempos dos países da cortina de ferro...).

Resolução
Paris retirada gradual

A França propôs anteontem uma alteração do projecto de resolução apresentado com os Estados Unidos, sugerindo que a retirada das forças israelitas do Líbano seja feita de uma forma gradual. A sugestão pretende fazer sair do impasse em que se encontra o projecto de texto inicial, recusado por Beirute e apoiado pelos países árabes, que não especifica que Israel deve retirar-se. Segundo a proposta francesa agora apresentada, as forças israelitas deverão “começar” a sua retirada depois da cessação das hostilidades. Também o Conselho Português para a Paz e Cooperação distribuiu ontem pelo País um texto subscrito por 36 organizações que exigem o cessar-fogo imediato entre Israel e o Líbano e a não intervenção de Portugal no conflito.