Friday, July 13, 2007

Israelitas ensinam transmontanos a usar água para rega

01.07.2007

Os agricultores transmontanos vão conhecer durante a próxima semana as mais avançadas tecnologias de regadio desenvolvidas por israelitas, que conseguiram, com pouca água, transformar zonas desérticas em produtivas terras agrícolas.

"Com menos água do que nós, eles conseguem fazer maravilhas", disse à Lusa Fernando Brás, dirigente da Associação de Agricultores de Trás-os-Montes, a promotora desta iniciativa, que é apoiada pela Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Norte.
Uma comitiva de técnicos, empresas e representantes do Governo israelita vai visitar, entre segunda-feira e sábado, as zonas transmontanas de maior produção agrícola e fazer demonstração de técnicas para regadio. Durante esta semana, terão lugar também reuniões de trabalho e conferências com organizações de produtores, regantes e empresas de comercialização de produtos agrícolas. Os técnicos estrangeiros vão visitar barragens e explorações e contactar com organizações e produtores na Vilariça, em Mirandela, Valpaços, Vila Nova de Foz Côa e Armamar.
Israel não tem a abundância de rios e lençóis de água doce como a região transmontana, mas conseguiu tornar produtivas terras áridas, com pouca quantidade de água, um bem que, por ser escasso, se tornou, no Médio Oriente, precioso e motivo de conflito entre povos. Pomares e culturas hortícolas germinam no deserto graças a técnicas que tornaram os israelitas pioneiros na gestão e utilização da água e em tecnologias para regadio. Segundo o dirigente transmontano, cinco empresas e técnicos daquele país vão fazer demonstrações das soluções existentes para maximizar os recursos hídricos e adaptar os sistemas de rega às reais necessidades. Estas acções acontecem num ano excepcional para os agricultores, em que as barragens estão cheias, garantia de que não há falta de água, apontada como principal impedimento da exploração de todas as potencialidades agrícolas da região.
A questão com que vão ser confrontados os agricultores é se haverá realmente falta de água ou se será possível racionalizar a que existe e diminuir os custos com o regadio. Um sensor de humidade pode ser o suficiente para poupar água num sistema de rega, permitindo desligar o mecanismo quando o solo estiver suficientemente irrigado. Este exemplo foi apontado por Fernando Brás, que é também presidente da junta de regantes do vale da Vilariça, um dos mais férteis do país, onde centenas de agricultores se queixam frequentemente da falta de água. O vale é irrigado por duas barragens e uma terceira encontra-se em enchimento e irá permitir a duplicação da área de regadio até aos dois mil hectares. Fernando Brás questiona-se se não será possível gerir este perímetro de rega electronicamente, a partir da sede da associação, aproveitando as tecnologias existentes. Esta solução ou outras, como a activação dos sistemas via telemóvel, diminuem também os custos com o regadio.

Lusa Empresas israelitas habituadas a trabalhar no deserto vão mostrar aos portugueses como maximizar os recursos hídricos existentes