Iturra, pela ascendência basca dos seus ancestrais conquistadores do Chile, teve a contrapartida Redondo de sua mãe, de Alicante, solidária com os nativos do Chile. País do qual é parte ainda que à distância.
Aprendeu a sentir a vida que investigava enquanto vivia com os Picunche do Chile, os Galegos de Espanha e os Beirões portugueses, na base dos quais fez teoria que ensinou em vários países. Convidado por Portugal, em 1981, por dois meses, foi ficando como Catedrático do ISCTE, a colaborar na sua criação e a organizar o Departamento de Antropologia.
Pratica a Antropologia Económica, apoiado pelo infinito amigo M. Godelier e a Educação, sobre a qual tem baseada a sua obra escrita em vários textos de muitos países, aulas, orientações de pós-graduação e palestras europeias, latino-americanas e, essencialmente, portuguesas. País que fez desses dois meses, uma raíz de identidade.
Raul Iturra: acaso, sorte e paixãoDescobriu Portugal quase por acaso, salvou-se das prisões de Pinochet por sorte, dedica-se à Antropologia por paixão... O antropólogo Raul Iturra vem explicar o acaso, a paixão e a sorte, esta terça-feira, na conversa ao fim da tarde.
( 19:05 12 de Novembro 02 )
Carlos Vaz Marques
REGISTO AUDIO
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PESSOAL... E TRANSMISSÍVEL
Vasco Graça Moura
poema de combate
indecente rimar, uma criança
a esbugalhar os olhos de pavor.
uma cidade a arder. a governança
do mundo a esquivar-se: a sua dança
rima obscenamente com timor.
indecente rimar. lua assassina.
uma rajada e outra. um estertor.
um uivo, um corpo, um morto em cada esquina.
honra do mundo que se contamina
no arame farpado de timor.
indecente rimar sândalo e vândalo.
sacode a noite apenas o tambor
das sombras acossadas. tens o escândalo
que te invadiu a alma, mas comanda-lo?
onde te leva o grito por timor?
indecente rimar pois também rimam
temor, tremor, terror e invasor
por mais hipocrisias que se exprimam
enquanto de hora a hora se dizimam
os restos do que resta de timor.
indecente rimar: mas nas florestas
nunca rimaram tanta raiva e dor
a às vezes são precisas rimas destas,
bumerangue de sangue com arestas
da própria carne viva de timor.
Vasco Graça Moura