À memória de Sílvia Machado, EIL
Manuel Barreiro
JERUSALÉM ETERNA
Se não fosse a solidão
tinha andado sempre só…
Não te espantes Fraternidade,
se os meus vizinhos do lado
vivem precisando de mim,
mas nunca me quiseram como amigo.
Nem tu Igualdade te admires,
se até para ser igual aos demais
tive que ser sempre o melhor.
Lembras-te Liberdade…
pelas terras distantes
por onde errei,
mesmo o sol quando nascia
só nascia para mim
depois de ter nascido para os outros.
Errar é andar
e se vai
e não se tem para onde ir
para além do sítio donde se sai.
Fui o único a nunca ser dono
daquilo que me pertencia.
Por isso quero um país,
porque um estrangeiro nunca tem pátria
quando está na pátria dos outros.
Cada nação acaba no topo da cabeça
do seu homem mais alto
daí para cima o mundo é de quem olha para o céu,
tudo passa a pertencer ao sonho.
Foi daí que vieste, Jerusalém,
por isso continuas eterna.
Jerusalém de ouro, de cobre e de luz.