Sunday, August 23, 2009

JERUSALÉM ETERNA


À memória de Sílvia Machado, EIL


Manuel Barreiro


JERUSALÉM ETERNA

Se não fosse a solidão

tinha andado sempre só…

Não te espantes Fraternidade,

se os meus vizinhos do lado

vivem precisando de mim,

mas nunca me quiseram como amigo.

Nem tu Igualdade te admires,

se até para ser igual aos demais

tive que ser sempre o melhor.

Lembras-te Liberdade…

pelas terras distantes

por onde errei,

mesmo o sol quando nascia

só nascia para mim

depois de ter nascido para os outros.

Errar é andar

e se vai

e não se tem para onde ir

para além do sítio donde se sai.

Fui o único a nunca ser dono

daquilo que me pertencia.

Por isso quero um país,

porque um estrangeiro nunca tem pátria

quando está na pátria dos outros.


Cada nação acaba no topo da cabeça

do seu homem mais alto

daí para cima o mundo é de quem olha para o céu,

tudo passa a pertencer ao sonho.

Foi daí que vieste, Jerusalém,

por isso continuas eterna.

Jerusalém de ouro, de cobre e de luz.

MANUEL BARREIRO