Sunday, September 23, 2007

Isaque Pinheiro


A primeira:Umas asas de couro abertas, remetem para uma mala aberta. Coladas na parede, com fita cola industrial, a fim de ficarem definitivamente no lugar, mas de modo a não ocuparem espaço, para que o "volume" desse mesmo espaço não seja alterado. Na alça, que faz parte da peça, permanece a etiqueta do avião como prova do voo percorrido até ao lugar.
A segunda:Um capacete em mármore e couro, instrumento de protecção, utilizado com a consciência de que qualquer viagem tem precalços, às vezes agravados com a ânsia de chegar ao lugar.
A terceira:Uma camisa feita em fita cola, idêntica ao que figura nas asas, e que eu (o autor) uso (no dia de abertura), comparando o meu corpo às asas ou mala... Finalmente, a camisa será depositada na sala de exposição, revelando que o seu ocupante, uma vez no lugar desejado, está em liberdade.
"Esta é a pequena história de estrelas (ou vazios) que, migrando do hemisfério norte e ancorando no sul, mudaram sua conformação para se tornarem âncoras do espaço.
E, se interessar saber, os vácuos de origem se tornaram âncoras de vôo.
Até que, na primavera do sul, desaparaceram nos muros da cidade. "

Kassel, 2007