Saturday, April 07, 2007

A realidade pura e ecológica


Andre Moshè Pereira*


1. Não existe a realidade pura. Um acontecimento é algo que surpreende e interrompe. O aspecto decisional significa afinal um golpe e a partir dum determinado dado projecta-se um programa. O acontecimento acontece como uma interrupção. A inscrição acontece até que alguém venha marcar esse corte.
O ministro da propaganda o PS, Augusto Santos Silva que o Inimigo Público imortalizou como Ministro Etar (que dinamiza agora a nova forma de realidade ecológica) depois das suas palavras contra o “jornalismo de sarjeta” que ninguém consegue perceber que alcance para além da Acção Socialista, e dalguma sombra do JN (jornal sem gravidade referencial nem cabedal intelectual real) e a secção Local Porto do Público, movido pela anopsia anti-RUIRIANA, ele que é um precito da causa sanitária do jornalismo depois do anschluss da moral pública com a pseudo-esfera pública burguesa das iniciativas da sociedade civil – enterradas formalmente na mente de agente estatolátrico. Estratega sofrível dum curso de jornalismo da primeira fornada da UP com outras figuras menores que supervivem à custa faraónica do erário público bilionário que a alguns condes e barões republicanos alimente – acaba de mais uma vez mostrar a glória radical dos seus desígnios: o modo socialista de tomar as decisões: telefonar (o telefone será vermelho ou rosa) para as redacções para parar-enterrar-degolar o acontecimento, como se se pudesse analogamente parar um tremor de terra, um vulcão, uma tempestade de neve uma avalanche, mesmo com o valor da inautenticidade dum diploma de licenciatura seja das universidades privadas ou públicas ou simplesmente um bocejo de tanto desprazer por este tema recidivo na nossa res-publica.

Diz muito bem o Dr. João Barroso da Fonte no seu artigo do Jornal de Matosinhos de 6 de Abril intitulado “vivemos numa verdadeira palhaçada”: “Sabe-se pelo Sol que no Externato Alfa, em Lisboa, foram falsificados dezenas de certificados de habilitações para que os beneficiários pudessem entrar nas universidades. O Ministério Público está a investigar e espera-se que seja, a fraude, devidamente averiguada. A Independente, é tão zelosa que emitiu num domingo, dia 8 de Setembro de 1996, o diploma de licenciatura de José Sócrates, assinado pelo reitor Luís Arouca e pela filha. Como este reitor está a contas com a Justiça por falsificar documentos e outros crimes, Sócrates ficará sempre na suspeição de que tem uma licenciatura duvidosa. E tanto assim que Amadeu Lima de Carvalho, que se reclama sócio maioritário da UNI, sendo apenas solicitador, conseguiu que o tal Luís Arouca lhe assinasse os diplomas de licenciado, de mestre e de doutor. (…) E nessa fonte (O Crime, de 29 Março 2007) esses diplomas contradizem-se uns aos outros. E diz o tal solicitador: «o meu diploma é tão verdadeiro como o do Senhor Primeiro-Ministro»”. Estamos conversados!

2. Poderemos assim actuar sobre as coisas?
Instituir qualquer coisa ensina Jacques Derrida é o que fica duma iniciativa absoluta. Quando se funda uma instituição produz-se um acontecimento que se prende com o passado, que o interroga; daqui deriva o peso da tradição a angústia também duma herança danosa ou dum presságio duma deriva ecológica sem o fundo económico necessitante. Uma instituição não é uma coisa. Uma universidade um liceu, um ATL, uma empresa uma família, uma organização partidária supõem formas de conflito que trabalham e na forma institucional não existe só certa conservação: cada momento institucional é uma refundação.

3. O espaço público torna-se cada vez mais minguado; os efeitos da censura institucional ou empresarial, excluem pessoas e reduzem-nas ao silêncio; o peso da mordaça reaparece através da sub-lógica “etar”. Por isso torna-se necessário uma razão transformacional.
A realidade duma razão transformacional exige o contexto. Depende do país e da sociedade em causa. A situação francesa e a portuguesa são discrepantes; não existem receitas gerais ou teoremas aplicados a causas da sociedade civil ou axiomas em ciências sociais como pretendeu o Karl Marx II pós-grundrisse.
Deve dar-se o máximo de oportunidades ao trabalho social, ao trabalho de investigação jornalística ao trabalho filosófico à sapiência histórica – isso implica conhecera história do país, a história da sua cultura, da sua crítica e filosofia. O resultado é complexo.

4. O que é o pensamento e que formulações pode ele integrar para melhor conhecimento do seu poder transformacional? Por exemplo no incidente do bezerro de ouro PARASHAT KI-TISA- (Shmot - Êxodo 32:1-6) as mulheres da geração do deserto distinguiam-se como um grupo e assim agiam e redireccionavam as acções de má liderança dos seus maridos e recusaram mais tarde a colaboração na adoração de falsos ídolos (Pirkei D' Rabbi Eliezer, Capítulo 45). Aqui podemos ver uma mudança política que se refere a uma acção de grupo. A palavra é pública e todas as transformações e acções políticas passam pela palavra. Esse papel desejável hoje é um bastião do jornalismo.

*Presidente KOAH