Wednesday, November 14, 2007
NOITE DE CRISTAL
JANE BICHMACHER DE GLASMAN
Noite de Cristal (em alemão Reichskristallnacht ou simplesmente Kristallnacht) é o nome dado aos atos de violência que ocorreram na noite de 9 de novembro de 1938 em diversas partes da Alemanha e da Áustria, então sob o Terceiro Reich. O nome deriva dos cacos de vidro (das vitrinas das lojas, dos vitrais das sinagogas, etc.) resultantes deste episódio de violência racista. Foram chacinados judeus alemães e centenas deles enviados para campos de concentração.
A Noite dos Cristais foi o único pogrom em larga escala ocorrido nas cidades da Alemanha durante todo o Holocausto.
No dia 9 de novembro de 1938 havia duas faixas numa das entradas da Universidade da cidade alemã de Erlangen: a de cima, proibia a entrada de judeus; a de baixo, um apelo ao recrutamento para o partido nazi.Em 7 de Novembro de 1938, um jovem judeu polonês de 17 anos, Herschel Grynszpan, atirou em Ernst von Rath, um funcionário de baixo escalão na embaixada alemã em Paris. Dias antes, Grynszpan havia recebido uma carta de sua irmã contando-lhe que ela, seus pais e milhares de outros judeus poloneses que viviam na Alemanha haviam sido expulsos sem aviso prévio.
Na noite do dia 9 de novembro, Hitler recebeu um telegrama anunciando a morte de Rath. Os nazistas culparam o “Judaísmo Mundial” pelo assassinato e, ostensivamente como represália, desencadearam um pogrom em massa contra os judeus dentro do Terceiro Reich. Hitler pediu a Goebbels, seu chefe de propaganda, que retaliasse com um ataque contra os bens dos judeus. A ordem era clara: os SA (Tropas de assalto) deveriam vestir-se à paisana para que parecesse um movimento espontâneo de uma população em fúria contra os judeus. Por toda a Alemanha e territórios sob ocupação Nazi, cobertos pelas sombras, milhares de judeus foram presos e encaminhados para campos de concentração. O progrom foi especialmente destrutivo em Berlim e Viena. A maioria das sinagogas foi destruída e saqueada. Lojas, sinagogas e lares foram incendiados, à vista dos bombeiros e da população. Vitrines de 7.500 lojas judias foram quebradas e a mercadoria levada. Cemitérios judaicos foram violados. Homens da SA que percorriam as ruas atacando judeus mataram ao redor de 100 pessoas. Não foi ninguém, ninguém viu. Era noite!...
Os incêndios chocaram uma parte da população, mas não o fato de que os judeus tivessem sido atacados fisicamente.
Para culminar o ultraje, a autoridade nazista cobrou uma multa aos judeus de um bilhão de marcos (em torno de 400 milhões de dólares em 1938) pelas desordens e prejuízos dos quais foram eles vítimas.
Nos dias seguintes, muitos judeus abandonaram a Alemanha. Não havia dúvidas, a matança começara. Uma parte dos que conseguiram fugir a tempo foi para a Palestina, território então sob domínio inglês – onde muitos mais já tinham procurado abrigo logo depois de Hitler ter chegado a chanceler, em 1933.
Nas semanas seguintes, o governo alemão promulgou dezenas de leis e decretos com o objetivo de privar os judeus de suas propriedades, dos meios para ganhar a vida e excluí-los de toda participação na vida social pública. Leis foram promulgadas para forçar a transferência a proprietários não judeus de todas as empresas de propriedade judaica, por uma fração de seu valor real. As escolas judaicas foram fechadas, e as crianças judias que freqüentavam as escolas alemãs foram expulsas. Os judeus foram proibidos de exercer a maior parte das profissões. Proibiu-se também que fossem proprietários de automóveis, suas licenças de dirigir foram retiradas e seu acesso aos meios de transporte público foi enormemente limitado. Proibiu-se também que os judeus freqüentassem lugares públicos de lazer, ou assistissem a peças de teatro, cinema ou concertos.
Kristallnacht marcou o começo da erradicação sistemática de um povo que havia chegado à Alemanha na época dos romanos e foi um prenúncio sinistro do Holocausto que se seguiria. Foi mais do que a destruição de sinagogas - foi um divisor de águas, que marcou o momento em que a Alemanha renegou os padrões europeus de comportamento moral aceitáveis.
JANE BICHMACHER DE GLASMAN - Doutora em Língua Hebraica, Literaturas e Cultura Judaica -USP, professora- adjunta, fundadora e ex-diretora do Programa de Estudos Judaicos –UERJ, escritora.
Noite de Cristal (em alemão Reichskristallnacht ou simplesmente Kristallnacht) é o nome dado aos atos de violência que ocorreram na noite de 9 de novembro de 1938 em diversas partes da Alemanha e da Áustria, então sob o Terceiro Reich. O nome deriva dos cacos de vidro (das vitrinas das lojas, dos vitrais das sinagogas, etc.) resultantes deste episódio de violência racista. Foram chacinados judeus alemães e centenas deles enviados para campos de concentração.
A Noite dos Cristais foi o único pogrom em larga escala ocorrido nas cidades da Alemanha durante todo o Holocausto.
No dia 9 de novembro de 1938 havia duas faixas numa das entradas da Universidade da cidade alemã de Erlangen: a de cima, proibia a entrada de judeus; a de baixo, um apelo ao recrutamento para o partido nazi.Em 7 de Novembro de 1938, um jovem judeu polonês de 17 anos, Herschel Grynszpan, atirou em Ernst von Rath, um funcionário de baixo escalão na embaixada alemã em Paris. Dias antes, Grynszpan havia recebido uma carta de sua irmã contando-lhe que ela, seus pais e milhares de outros judeus poloneses que viviam na Alemanha haviam sido expulsos sem aviso prévio.
Na noite do dia 9 de novembro, Hitler recebeu um telegrama anunciando a morte de Rath. Os nazistas culparam o “Judaísmo Mundial” pelo assassinato e, ostensivamente como represália, desencadearam um pogrom em massa contra os judeus dentro do Terceiro Reich. Hitler pediu a Goebbels, seu chefe de propaganda, que retaliasse com um ataque contra os bens dos judeus. A ordem era clara: os SA (Tropas de assalto) deveriam vestir-se à paisana para que parecesse um movimento espontâneo de uma população em fúria contra os judeus. Por toda a Alemanha e territórios sob ocupação Nazi, cobertos pelas sombras, milhares de judeus foram presos e encaminhados para campos de concentração. O progrom foi especialmente destrutivo em Berlim e Viena. A maioria das sinagogas foi destruída e saqueada. Lojas, sinagogas e lares foram incendiados, à vista dos bombeiros e da população. Vitrines de 7.500 lojas judias foram quebradas e a mercadoria levada. Cemitérios judaicos foram violados. Homens da SA que percorriam as ruas atacando judeus mataram ao redor de 100 pessoas. Não foi ninguém, ninguém viu. Era noite!...
Os incêndios chocaram uma parte da população, mas não o fato de que os judeus tivessem sido atacados fisicamente.
Para culminar o ultraje, a autoridade nazista cobrou uma multa aos judeus de um bilhão de marcos (em torno de 400 milhões de dólares em 1938) pelas desordens e prejuízos dos quais foram eles vítimas.
Nos dias seguintes, muitos judeus abandonaram a Alemanha. Não havia dúvidas, a matança começara. Uma parte dos que conseguiram fugir a tempo foi para a Palestina, território então sob domínio inglês – onde muitos mais já tinham procurado abrigo logo depois de Hitler ter chegado a chanceler, em 1933.
Nas semanas seguintes, o governo alemão promulgou dezenas de leis e decretos com o objetivo de privar os judeus de suas propriedades, dos meios para ganhar a vida e excluí-los de toda participação na vida social pública. Leis foram promulgadas para forçar a transferência a proprietários não judeus de todas as empresas de propriedade judaica, por uma fração de seu valor real. As escolas judaicas foram fechadas, e as crianças judias que freqüentavam as escolas alemãs foram expulsas. Os judeus foram proibidos de exercer a maior parte das profissões. Proibiu-se também que fossem proprietários de automóveis, suas licenças de dirigir foram retiradas e seu acesso aos meios de transporte público foi enormemente limitado. Proibiu-se também que os judeus freqüentassem lugares públicos de lazer, ou assistissem a peças de teatro, cinema ou concertos.
Kristallnacht marcou o começo da erradicação sistemática de um povo que havia chegado à Alemanha na época dos romanos e foi um prenúncio sinistro do Holocausto que se seguiria. Foi mais do que a destruição de sinagogas - foi um divisor de águas, que marcou o momento em que a Alemanha renegou os padrões europeus de comportamento moral aceitáveis.
JANE BICHMACHER DE GLASMAN - Doutora em Língua Hebraica, Literaturas e Cultura Judaica -USP, professora- adjunta, fundadora e ex-diretora do Programa de Estudos Judaicos –UERJ, escritora.
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