Friday, January 06, 2006
Situação de Sharon diminui as esperanças de paz
Parece incrível mas, pela segunda vez, na história moderna de Israel, um líder que vê a necessidade de se fazer um acordo com os palestinos é obrigado a parar no meio do caminho. Assim como em 1995, quando o chanceler Itzhak Rabin foi assassinato, Ariel Sharon pode até sobreviver ao derrame, mas, mesmo que isso aconteça voltar à vida política ou tomar, novamente, as rédeas de liderar seu partido recém-criado, Kadima, são distantes e improváveis. E fica a pergunta que não quer calar: isso pode fazer com que os falcões ressurjam, distanciando e tornando o caminho para a paz ainda mais difícil?De qualquer maneira, o cenário político de Israel será chacoalhado até as bases e seu maior efeito pode acabar com as esperanças do dirigente de colocar um ponto final em décadas de conflitos entre palestinos e israelenses. Nada, neste momento, é certeza, a não ser o prognóstico dos médicos, ao dizer que a vida política do premiê chegou ao fim. Há dúvidas sobre se a grande guinada rumo ao centro, planejada por Sharon depois da retirada da Faixa de Gaza, conseguiria sobreviver mesmo até as eleições de março, a qual Sharon era o favorito, segundo pesquisas eleitorais. O novo partido de centro, formado por Ariel Sharon, o Kadima, precisa de um outro líder com o passado e a habilidade do premiê para forjar uma nova força política. Como diz um artigo escrito por Nadav Evyal no jornal israelense Maariv, "Sharon é o Kadima e o Kadima é Sharon".Com a derrota que o destino impingiu a Sharon, o eventual descarrilamento do Kadima beneficiará o que resta do Likud, o partido liderado hoje pelo direitista Benjamin Netanyahu. Bibi, como é mais conhecido, já passou pela experiência de ter sido primeiro-ministro de Israel, ainda que não fosse tão popular."O mais certo, e mais temeroso ao mesmo tempo, é que os maiores beneficiados com o afastamento de Sharon (ou sua morte) serão os que estão nas extremidades do espectro político israelense e palestino - os ultranacionalistas judeus, que não desejam abrir mão dos territórios ocupados, e os militantes islâmicos que desejam destruir Israel. Segundo analistas políticos, chances menores de que Israel saia das áreas ocupadas podem reforçar o levante palestino, que perdeu força depois de Sharon e Abbas terem firmado cessar-fogo, há quase um ano. Enquanto os militantes podem lucrar com um eventual vácuo de poder em Israel, qualquer líder que assuma a direção do Estado Judeu terá de dar mostras de sua prontidão para ser duro com os palestinos, assim como Sharon foi quando necessário.
Ano II - Edição nº 7 - 6 a 13 de Janeiro de 2006. Esta é uma publicação da Congregação Israelita Paulista (CIP), do Departamento de Comunicação: Miriam Vasserman, Ruth Engelberg, Claudia Sciama, Wilma Temin, István Wessel, Ruth Bohm e Claudia Rezende. Editor desta newsletter: Marcelo Rabinovitch - Jornalista responsável, MTb 29.272.