Saturday, April 26, 2008
Sobre a Shoah
André-Moshe Pereira
Presidente Kehillah Or Ahayim
Ensina o rabino Adrian Gottfried que o Kadish, um poema aramaico que louva D-us, é uma das partes mais antigas da liturgia da sinagoga. É também uma das mais poderosas e duradouras. Datado do primeiro século, foi provavelmente recitado nas primeiras sinagogas fundadas depois da destruição do Segundo Templo em Jerusalém, no ano de 70 da e.c. As linhas centrais do kadish estão mencionadas no Talmud, que foi escrito e editado ente o terceiro e o sexto séculos. Fontes rabínicas antigas mostram o kadish associado com o estudo de textos sagrados – dizia-se na conclusão do estudo da Torá – mas a partir da Idade Média tornou-se relacionada com o luto. Em um certo ponto do serviço na sinagoga, o chefe da congregação sairia até onde os enlutados se encontravam sentados e diria kadish para eles. Mais tarde, eram os enlutados por si só que conduziam a prece. Em ocasiões de grande perda, a inclinação natural é questionar, rebelar-se, rejeitar e diminuir D-us. Mas a tradição conclama o enlutado não somente a louvar a D-us, mas conduzir outros neste antigo poema de louvor. “Yitkadal vey-itkadash shmei rabá”, começa. “Que Seu grande nome cresça exaltado e santificado para todo o sempre.” O Kadish foi escrito em aramaico, a língua popular dos tempos talmúdicos, assim seria compreendido por todos. Hoje, o aramaico quer dizer muito pouco para a maioria dos Judeus, mas as palavras, ritmos e respostas alternadas do kadish mantêm seu poder emocional A obrigação de recitar o kadish também empurra o enlutado para fora de sua casa e para dentro da comunidade em uma hora em que seria mais fácil se retirar e lamentar-se quietamente.
Foi o que fizemos celebrando a partir do Sidur completo, o Kadish, na ocasião da Inauguração de uma exposição da Autoria de Dr. Miguel Boura e do Professor Doutor Adriano Vasco Rodrigues, com a respeitosa diplomacia política do Presidente da Junta, Dr. Vítor Arcos. Antes um conjunto de crianças actuou musical e teatral e simbolicamente sobre o tema do 25 de Abril (Dia da Liberdade) e sobre o tema da exposição de Aldoar, uma freguesia do Porto Aí recitamos parte do Kadish como líder da Kehillah Or Ahayim – Comunidade Judaica Luz da Vida, do Porto, a propósito duma exposição brilhantemente conduzida pungentemente sobre o Holocausto e da memória de 6 milhões de iehudim nossos irmãos assassinados pelo Nazismo. A resistência nos ghettos e nos destacamentos durante a II Guerra Mundial e que perdurou no imediato Pós-Guerra em que actuavam sionistas destacados. Basta verificar os nomes e as filiações dos mais destacados comandantes, militares e ou intelectuais da resistência antifascista judaica na Europa Oriental: Mordechai Aniliewicz, Josef Kaplan, Arie Wilner do Hashomer Hatzair, Josef Lewartowski, e Itzik Vitenberg, Merek Edelman e Michal Klepfisz, Dr. Emanuel Ringelblum. Sionistas e outros resistentes apoiam a criação do estado de Israel – criação essa que genericamente simboliza a realização de um sonho milenar de volta à “Terra Prometida”, em parte eivada pela força da Haganá – Futuro Tsahal – contra os que embora diplomaticamente apoiassem Israel como Estado Moderno iam dilatando o seu reconhecimento. Esse reconhecimento pela comunidade Internacional tem agora, neste ano, 60 Anos: o Yom Haatzma’ut.
Nesse prospecto magnífico que acompanhava a exposição que continua até 10 de Maio no Salão Nobre Acácio Gomes -- escreve o Professor Adriano Vasco Rodrigues: “as perseguições transformaram-se em agressões a partir da Noite de Cristal (9-Novembro-1938), marcada, na Alemanha, pelo assalto a Sinagogas e lojas de comerciantes Judeus, quebrando montras e enchendo as ruas de estilhaços de vidros. Os Judeus, em seguida, foram enviados para campos de concentração. Na Polónia, ocupada pelos alemães, os nazis encerraram os Judeus em ghettos, bairros fechados, superpovoados, onde morriam por falta de condições. Finalmente os nazis procederam nos campos de morte à exterminação dos Judeus e também de outras minorias, entre elas os Ciganos. Auschwitz foi o mais célebre dos campos de concentração. No dia 19 de Abril de 1943 iniciou-se a revolta do ghetto de Varsóvia, reprimida a ferro e fogo. Escolhemos o dia 23 de Abril, deste ano, para organizar esta exposição. Os crimes dos nazis foram julgados e condenados pelo tribunal de Nuremberga como crimes contra a Humanidade, na esperança de que jamais se repetissem. Infelizmente os crimes de genocídio e de repressão ideológica não terminaram. Praticaram-se na URSS Staliniana, na China de Mao, no Camboja de Pol Pot, na Ex-Jugoslávia e, mais recentemente com os massacres dos Tutsis e Hutus, no Ruanda e Burundi, e em outros lugares comprovando que a xenofobia, o racismo e as perseguições políticas persistem.”
A prece de Kadish começa com o reconhecimento do poder de D-us sobre a terra. “Como Ele desejou”. Podemos não compreender a vontade de D-us – especialmente em uma hora de perda – mas nos submetemos a ela mesmo quando vai contra nossa natureza. O Kadish continua com uma súplica pela redenção final – a era messiânica – quando o reino de D-us será reconhecido por todos.
Presidente Kehillah Or Ahayim
Ensina o rabino Adrian Gottfried que o Kadish, um poema aramaico que louva D-us, é uma das partes mais antigas da liturgia da sinagoga. É também uma das mais poderosas e duradouras. Datado do primeiro século, foi provavelmente recitado nas primeiras sinagogas fundadas depois da destruição do Segundo Templo em Jerusalém, no ano de 70 da e.c. As linhas centrais do kadish estão mencionadas no Talmud, que foi escrito e editado ente o terceiro e o sexto séculos. Fontes rabínicas antigas mostram o kadish associado com o estudo de textos sagrados – dizia-se na conclusão do estudo da Torá – mas a partir da Idade Média tornou-se relacionada com o luto. Em um certo ponto do serviço na sinagoga, o chefe da congregação sairia até onde os enlutados se encontravam sentados e diria kadish para eles. Mais tarde, eram os enlutados por si só que conduziam a prece. Em ocasiões de grande perda, a inclinação natural é questionar, rebelar-se, rejeitar e diminuir D-us. Mas a tradição conclama o enlutado não somente a louvar a D-us, mas conduzir outros neste antigo poema de louvor. “Yitkadal vey-itkadash shmei rabá”, começa. “Que Seu grande nome cresça exaltado e santificado para todo o sempre.” O Kadish foi escrito em aramaico, a língua popular dos tempos talmúdicos, assim seria compreendido por todos. Hoje, o aramaico quer dizer muito pouco para a maioria dos Judeus, mas as palavras, ritmos e respostas alternadas do kadish mantêm seu poder emocional A obrigação de recitar o kadish também empurra o enlutado para fora de sua casa e para dentro da comunidade em uma hora em que seria mais fácil se retirar e lamentar-se quietamente.
Foi o que fizemos celebrando a partir do Sidur completo, o Kadish, na ocasião da Inauguração de uma exposição da Autoria de Dr. Miguel Boura e do Professor Doutor Adriano Vasco Rodrigues, com a respeitosa diplomacia política do Presidente da Junta, Dr. Vítor Arcos. Antes um conjunto de crianças actuou musical e teatral e simbolicamente sobre o tema do 25 de Abril (Dia da Liberdade) e sobre o tema da exposição de Aldoar, uma freguesia do Porto Aí recitamos parte do Kadish como líder da Kehillah Or Ahayim – Comunidade Judaica Luz da Vida, do Porto, a propósito duma exposição brilhantemente conduzida pungentemente sobre o Holocausto e da memória de 6 milhões de iehudim nossos irmãos assassinados pelo Nazismo. A resistência nos ghettos e nos destacamentos durante a II Guerra Mundial e que perdurou no imediato Pós-Guerra em que actuavam sionistas destacados. Basta verificar os nomes e as filiações dos mais destacados comandantes, militares e ou intelectuais da resistência antifascista judaica na Europa Oriental: Mordechai Aniliewicz, Josef Kaplan, Arie Wilner do Hashomer Hatzair, Josef Lewartowski, e Itzik Vitenberg, Merek Edelman e Michal Klepfisz, Dr. Emanuel Ringelblum. Sionistas e outros resistentes apoiam a criação do estado de Israel – criação essa que genericamente simboliza a realização de um sonho milenar de volta à “Terra Prometida”, em parte eivada pela força da Haganá – Futuro Tsahal – contra os que embora diplomaticamente apoiassem Israel como Estado Moderno iam dilatando o seu reconhecimento. Esse reconhecimento pela comunidade Internacional tem agora, neste ano, 60 Anos: o Yom Haatzma’ut.
Nesse prospecto magnífico que acompanhava a exposição que continua até 10 de Maio no Salão Nobre Acácio Gomes -- escreve o Professor Adriano Vasco Rodrigues: “as perseguições transformaram-se em agressões a partir da Noite de Cristal (9-Novembro-1938), marcada, na Alemanha, pelo assalto a Sinagogas e lojas de comerciantes Judeus, quebrando montras e enchendo as ruas de estilhaços de vidros. Os Judeus, em seguida, foram enviados para campos de concentração. Na Polónia, ocupada pelos alemães, os nazis encerraram os Judeus em ghettos, bairros fechados, superpovoados, onde morriam por falta de condições. Finalmente os nazis procederam nos campos de morte à exterminação dos Judeus e também de outras minorias, entre elas os Ciganos. Auschwitz foi o mais célebre dos campos de concentração. No dia 19 de Abril de 1943 iniciou-se a revolta do ghetto de Varsóvia, reprimida a ferro e fogo. Escolhemos o dia 23 de Abril, deste ano, para organizar esta exposição. Os crimes dos nazis foram julgados e condenados pelo tribunal de Nuremberga como crimes contra a Humanidade, na esperança de que jamais se repetissem. Infelizmente os crimes de genocídio e de repressão ideológica não terminaram. Praticaram-se na URSS Staliniana, na China de Mao, no Camboja de Pol Pot, na Ex-Jugoslávia e, mais recentemente com os massacres dos Tutsis e Hutus, no Ruanda e Burundi, e em outros lugares comprovando que a xenofobia, o racismo e as perseguições políticas persistem.”
A prece de Kadish começa com o reconhecimento do poder de D-us sobre a terra. “Como Ele desejou”. Podemos não compreender a vontade de D-us – especialmente em uma hora de perda – mas nos submetemos a ela mesmo quando vai contra nossa natureza. O Kadish continua com uma súplica pela redenção final – a era messiânica – quando o reino de D-us será reconhecido por todos.
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