Friday, April 28, 2006

Yom HaZikaron



Israel's Memorial Day, is a day to remember those who lost their lives fighting for the State of Israel. In recent years, Yom HaZikaron has been expanded to include civilians killed by terror attacks as well. Throughout the world, but especially in Israel, the day is carefully spent in reflection of the human cost of the wars fought for the State of Israel, and in a careful evaluation of the achievements of the modern-day State of Israel over the past year.
Israel is a small country in which almost everyone serves in the army. And if everyone is a soldier, most Israelis have either a relative or friend who was killed fighting for Israel. In such a small country, smaller than the State of New Jersey, people feel the pain of each soldier killed acutely. When 73 young soldiers were killed in the helicopter crash of February 1997, the whole country mourned. Each 18 or 19 year-old face on the cover of the newspaper calls to mind a son, a friend, a son's friend.
How do we remember? In Israel, and in the Diaspora, there are several ways. Learn about one family's sacrifice, and reflect on what the soldiers of Israel have given to all of us.
As night falls, the mood in Israel changes.

Lisboa Fenícia


História de Lisboa


Lisboa é uma das mais antigas cidades da Europa, tendo sido fundada há mais de três milénios. É juntamente com Setúbal, Alcácer do Sal e algumas cidades do Algarve a mais antiga de Portugal e também a segunda mais velha capital da União Europeia, após Atenas, mais antiga por quatro séculos que Roma.A sua história circula à volta da sua posição estratégica na foz do maior rio da Península Ibérica, o Tejo; do seu porto natural ser o melhor para o reabastecimento dos barcos que fazem o comércio entre o Mar do Norte e o Mediterrâneo; além da sua proximidade no extremo Sul e Ocidente da Europa, com os novos continentes da África Subsahariana e da América.Pré-história
Existem vestígios de ocupação humana na área que hoje é Lisboa de há muitos milhares de anos, atraídos pela proximidade do rio Tejo. Os primeiros habitantes humanos da região teriam sido os Neandertais, extintos há cerca de 30.000 anos pela chegada à Península do Homem moderno. Durante o período Neolítico, os povos Iberos da região construíram os megalíticos de função religiosa, tal como os restantes povos da Europa Atlântica: dólmenes, menires e cromeleques terão sido comuns, e alguns ainda sobrevivem hoje na zona.

Alis Ubbo: A fundação fenícia
Diz a lenda popular e romântica que a cidade de Lisboa foi fundada pelo herói mítico Ulisses. Recentemente foram feitas descobertas arqueológicas perto do Castelo de São Jorge e da Sé de Lisboa que comprovam que a cidade terá sido fundada pelos Fenícios cerca de 1200 a.C.. Nessa época os fenícios viajavam até às Ilhas Scilly e à Cornualha, na Grã-Bretanha, para comprar estanho aos nativos. O Mar da Palha ou estuário do Tejo é o melhor porto natural do percurso e o rio uma importante via para as trocas de alimentos e metais com as tribos do interior. Foi fundada uma colónia, chamada Alis Ubbo, que significa "porto seguro" ou "enseada amena" em fenício, provavelmente afilhada à grande cidade de Tiro, hoje no Líbano. Essa colónia estendia-se na colina onde hoje estão o Castelo e a Sé, até ao rio, que chamavam Daghi ou Taghi, significando "boa pescaria" em fenício. Com o desenvolvimento de Cartago, também ela uma colónia fenícia, o controlo de Alis Ubbo passou para essa cidade. Durante séculos, fenícios e cartagineses terão desenvolvido a cidade de simples entreposto comercial para o comércio nos mares do Norte, para importante mercado onde trocavam os seus produtos manufacturados pelos metais, peixe salgado e sal da região e das tribos contactadas pela via fluvial do Tejo. Os cavalos, antepassados dos actuais cavalos lusitanos, já eram então famosos no Mediterrâneo pela sua velocidade, tendo Plínio afirmado que as éguas do Tejo deveriam ser fecundadas pelo vento. Os primeiros Judeus chegaram sem dúvida com os Fenícios, seus vizinhos. O Hebreu é virtualmente idêntico ao Fenício e era raro o barco fenício que não levava mercadores ou sócios da Judeia. Com a chegada dos Celtas, estes misturaram-se com os Iberos locais, dando origem às tribos de língua Celta da região, os Conni e os Cempsi. Os Gregos antigos tiveram provavelmente na foz do Tejo um posto de comércio durante algum tempo, mas os seus conflitos com os Cartagineses por todo o Mediterrâneo levaram sem dúvida ao seu abandono devido ao maior poderio de Cartago na região nessa época.

Olissipo: Lisboa romana
Olissipo aliou-se aos Romanos quando estes, liderados por Decimus Junius Brutus, procuraram conquistar os Lusitanos e outros povos do Noroeste Peninsular. Os habitantes da cidade lutaram ao lado das Legiões contra estas tribos célticas. Em troca foi-lhes reconhecido o título de cidadãos romanos e à cidade ampla autonomia como Município Romano. Foi incluída na província da Lusitânia, encabeçada por Emerita Augusta. A cidade situava-se entre a colina do Castelo e a Baixa, mas as zonas mais ribeirinhas estavam nesse tempo ainda submersas pelo Tejo. Olissipo no tempo romano foi uma importante praça comercial, estabelecendo a ligação entre as províncias do Norte e o Mediterrâneo. Os seus principais produtos eram o garum, um molho de peixe de luxo; o sal e os famosos cavalos lusitanos. A cidade foi um dos principais centros da introdução e desenvolvimento do Cristianismo na Península Ibérica. O primeiro Bispo foi São Gens.

As Invasões e os Germanos
A degeneração do Império, e a feudalização da sociedade romana levaram às primeiras invasões dos povos Germanos, Hunos e outros. Inicialmente aceites como colonos nas terras desertificadas pelas epidemias terríveis que mataram grande parte da população da época (provavelmente de Sarampo e Varíola), transformaram-se depressa em expedições militares com objectivos de saque e conquista.
No inicio do século V os Vândalos (que depois se retiram para o Norte de África) tomam Olissipo, seguidos dos não-germânicos Alanos. Em 419 Olissipo foi saqueada e queimada pelos Godos do Rei tribal Walia, e finalmente em 469 integrada no Reino Suevo cuja capital era Braga. Após a invasão dos Visigodos, estes estabelecem-se em Toledo e após várias guerras durante o século VI, conquistam os Suevos, unificando a Península Ibérica, incluindo a cidade que chamavam Ulishbona. Durante esta época conturbada, Lisboa perde as ligações políticas com Constantinopla, mas não as comerciais. Mercadores Gregos, Sírios, Judeus e outros, vindos do Oriente, formam comunidades que trocam os produtos locais com os do Império Bizantino, Ásia e Índia.

Al-Ushbuna: Lisboa Muçulmana
Após três séculos de saques, pilhagens e perda de dinâmica comercial, Ulishbuna seria pouco mais que uma vila no inicio do século VII. É nesta altura que, aproveitando uma guerra civil do Reino Hispânico Visigótico, que os árabes liderados por Tariq invadem a Península Ibérica com as suas tropas mouriscas, em 711. Olishbuna foi conquistada pelas tropas de Abdelaziz ibn Musa, um dos filhos de Tariq, assim como o resto do Ocidente. Mais uma vez Lisboa, conhecida pelos árabes como al-Ushbuna, torna-se um grande centro administrativo e comercial para as terras junto ao Tejo, recolhendo os seus produtos e trocando-os por produtos do Mediterrâneo Árabe, particularmente Marrocos, Tunísia, Egipto, Síria e Iraque. Segundo as estimativas actuais a cidade teria no seu apogeu, no século X, mais de 100.000 habitantes, e com Constantinopla, Salónica, Córdova e Sevilha, seria uma das maiores cidades da Europa, muitas vezes maior que Paris e Londres, que em plena Idade Média teriam apenas 5-10.000 habitantes. A maioria dos habitantes converte-se à língua árabe e religião muçulmana da minoria invasora que se instala como elite. Uma minoria de cristãos ou Moçárabes, com o seu próprio Bispo, falantes do árabe ou de uma variedade de Latim vulgar semelhante à falada na Galiza e províncias do Norte, é tolerada em troca de impostos adicionais. Esta comunidade moçárabe que seguia ritos e costumes cristãos de antes do estabelecimento do absolutismo Papal é muitas vezes rejeitada e escravizada quando entra em contacto com os católicos. Foram os moçárabes que levaram para Lisboa os restos de São Vicente, que se tornaria o padroeiro da cidade. A comunidade Judaica, já existente desde a fundação da cidade pelos Fenícios, é grandemente reforçada pelos Judeus que aí se estabelecem como mercadores e financeiros, aproveitando a elevação da cidade a núcleo comercial proeminente. Além do sal, peixe e cavalos, negociavam-se as especiarias vindas do Levante, as plantas medicinais, os frutos secos, mel e peles. Al-Ushbuna é renovada e reconstruída de acordo com os padrões do Médio Oriente: uma grande mesquita, um castelo no topo do monte (que de forma modificada se transformou no Castelo de São Jorge), um palácio para o Governador ou (alcáçova), uma almedina ou centro urbano e um alcácer. O bairro de Alfama cresce ao lado do núcleo urbano original. A cidadela de al-Madan, a actual Almada é fundada na margem Sul do rio para proteger a cidade. Os Árabes e Berberes introduzem nos arredores da cidade a sua agricultura irrigada, que é muito mais produtiva que os métodos de sequeiro anteriores. As águas do Tejo e seus afluentes são usadas para irrigar a terra no Verão, produzindo várias colheitas por ano e vegetais como alfaces e frutos como as laranjas. Politicamente, de início, a cidade faz parte do Califado Omíada de Damasco, Síria. Consta das crónicas uma grande rebelião dos Berberes ou "Mouros" frente à elite dos Árabes da Arábia em 740, que precisou de reforços do Califado para ser suprimida. A cidade está depois sujeita ao Califado de Córdova, no qual os sobreviventes Omíadas ganham a independência do novo Califado Egípcio dos Abássidas. Com o inicio da Reconquista, a opulenta al-Ushbuna é um alvo dos raides dos cristãos, que saqueiam a cidade primeiramente em 796 e por outras ocasiões nos anos seguintes, liderados pelo Rei Afonso II das Astúrias, mas a fronteira permanece a norte do Douro. Em 844 várias dezenas de barcos dos Vikings surgem no Mar da Palha, e os Escandinavos estabelecem o cerco mas acabariam por partir face à resistência continuada dos habitantes da cidade liderados por Alah ibn Hazme.
No inicio do Século X surgem em al-Ushbuna várias seitas islâmicas de conversos da população hispânica. Estas seitas são formas de organização política com que os autóctones se revoltam contra os obstáculos postos na sua ascensão social por um sistema hierárquico em que primeiro vinha a pequena elite de descendentes do profeta Maomé, depois os Árabes de sangue puro, a seguir Berberes ou Mouros e só depois os Latinos arabizados e muçulmanos. Vários líderes Latinos surgem, como Ali ibn Ashra e outros, que se declaram Profetas ou descendentes de [Ali] (xiitas) que com aliados em outras cidades iniciam guerras civis com as tropas árabes sunitas. Os moçárabes eram tratados ainda de forma pior, assim como os Judeus, sofrendo por vezes perseguições que, apesar de lamentáveis aos olhos modernos, eram uma pálida imagem do que fariam os católicos contra não só muçulmanos e judeus, mas mesmo contra os próprios cristãos não católicos das terras reconquistadas.
Novo ataque Viking seguir-se-ia sem sucesso em 966. O Rei Ordonho I das Astúrias pilharia a cidade novamente em meados do século IX, assim como Afonso VI de Leão em 1093, que a reteve no seu Reino de Leão por dois anos, após conquistar a cidade de al-Santaryn ou Santarém.Com a fragmentação do Califado de Córdova por volta do ano 1000 com as lutas intestinas, os notáveis de al-Ushbuna oscilam entre a obediência à Taifa de Badajoz ou à de Sevilha, conseguindo manobrar de forma a obter uma autonomia considerável. No entanto em 1111 um novo Califado pan-hispânico é estabelecido pela invasão a partir dos desertos de Marrocos dos Almorávidas liderados por Ali ibn Yusuf, cujas tropas são travadas apenas na região de Tomar por Gualdim Pais. Este dura pouco tempo até que regressam os tempos da divisão das Taifas e da autonomia e prosperidade de al-Ushbuna.

Cruzadas: Portugal conquista Lisboa
Enquanto se fragmentavam as Taifas islâmicas do Sul, no Norte sucedia o Condado Portucalense do Reino de Leão, já em plena Reconquista da Península Ibérica. Apesar de baseado em Guimarães, a força económica que permitia a autonomia do Condado Portucalense estava na cidade do Porto (Portucale ou porto da cidade de Cale, a actual Gaia). É interessante pensar como foi o novo Reino, centrado no dinamismo comercial da jovem cidade de mercadores do Porto, que usufruía de uma posição e importância semelhantes na foz do segundo maior rio da Península Ibérica, o rio Douro, como Lisboa no rio Tejo, que acabaria por conquistar essa venerável cidade. Ainda hoje ambas as cidades muito semelhantes mas muito diferentes se situam à cabeça de Portugal.
Foi a conquista de Lisboa que permitiu ao jovem Duque de Portucale, D. Afonso Henriques declarar-se Rei. Famosa e opulenta, a cidade daria ao Condado o prestígio necessário. A primeira tentativa de Afonso de conquistar al-Ushbuna deu-se em 1137 e fracassou frente às muralhas da cidade. Em 1140 aproveita os cruzados que passavam por Portugal para novo ataque que novamente falha. Só em Junho e Julho de 1147, com a ajuda de uma força mais numerosa de cruzados, cerca de 164 barcos cheios de homens, consegue ser bem sucedido. Enquanto as suas forças portuguesas atacavam pela terra, os cruzados na sua maioria ingleses e normandos, aliciados pelas promessas de pilhagem livre, montaram as suas máquinas de cerco, como catapultas e torres, e atacavam simultaneamente pelo mar e impediam a chegada de reforços vindos do sul. No primeiros encontros os muçulmanos vencem os cristãos matando muitos, e a moral dos cruzados fica afectada, ocorrendo vários conflitos sangrentos entre os vários grupos de cristãos.
Após muitas tentativas, segundo o mito, uma das portas é arrombada e o português Martim Moniz consegue mantê-la aberta aos invasores com o próprio corpo, morrendo esmagado por ela. Mais provavelmente com a ajuda das máquinas de sítio, as muralhas são ultrapassadas, em 23 de Outubro de 1147. Seguiram-se cinco dias de saque, assassínios e violações indiscriminadas de ambos, cruzados e portugueses, contra as populações islâmicas, judaicas e mesmo cristãs da cidade. Segundo o mito o próprio Bispo de al-Ushbuna foi morto pelos invasores interessados em roubar os tesouros da sua igreja. Trinta mil habitantes segundo as crónicas da época, foram escravizados, e muitos terão sido mortos ou fugido. Os restantes muçulmanos são delimitados a um bairro próprio, a Mouraria.
Dom Afonso Henriques toma posse oficialmente da cidade no dia 1 de Novembro, quando numa cerimónia religiosa, manda transformar a grande mesquita de sete cúpulas, a Aljama, em Sé Catedral. O Bispo é Gilbert de Hastings, um cruzado inglês, e a muitos dos cruzados mais proeminentes são doadas terras da região e títulos. Santo António nasce em 1195 na cidade com o nome de Fernando de Bulhões. O Rei daria o Foral em 1179, e tentaria recuperar as ligações comerciais da cidade inaugurando uma grande nova feira ou mercado. O resultado destes esforços é que os mercadores Portugueses Cristãos ou Judeus não só retomam algumas ligações comerciais da antiga al-Ushbuna, como na Andaluzia (Sevilha e Cádiz), e no Mediterrâneo, até Constantinopla, como abrem-se novas vias para os portos da Europa do Norte, que os muçulmanos raramente visitavam devido às diferenças ideológicas. De facto a primeira vocação da Lisboa Medieval Cristã é, mais uma vez, a mediação do comércio entre o Mar do Norte e o Mediterrâneo, mas graças aos avanços na navegação oceânica os volumes são cada vez maiores. Casas de mercadores Portugueses abrem em Sevilha, Southampton, Bruges e nas cidades da Hansa, e os Judeus Portugueses continuam a comercializar com os seus primos no Norte de África. Trocam-se as especiarias, sedas e mezinhas mediterrâneas; ouro, marfim, arroz, alúmen, amêndoas e açúcar comprados aos Árabes e Mouros; juntamente com o azeite, sal, vinho, cortiça, mel e cera portuguesas com os têxteis de lã ou linho finos, estanho, ferro, corantes, âmbar, armas, peles e produtos artesanais do Norte. São fundados estaleiros para a construção de mais barcos comerciais e militares, cuja Armada é essencial na protecção do comércio contra os piratas sarracenos. Para responder ao crescente pedido pelas populações cada vez maiores da Europa no Século XII e Século XIII, são estimuladas as inovações na construção dos barcos, que da barca forte mas tosca passam, numa síntese de saber cristão, viking e árabe, para a caravela (primeira referência em 1226), o primeiro verdadeiro navio atlântico. Às profissões ligadas à navegação, como carpinteiros e marinheiros, são dados privilégios e protecção, incluindo a criação em Lisboa de um Juiz próprio, o Alcaide do Mar (1242).
Um efeito indirecto de todo este dinamismo de Lisboa é a ruína dos comerciantes germânicos, que faziam o mesmo comércio por ter uma rota mais dispendiosa mas a única possível quando os navios muçulmanos e os seus piratas controlavam o sul de Espanha e o estreito de Gibraltar entre os Países Baixos e a Hansa e a Itália e os seus portos. O Sacro Império Romano-Germânico perde influência sobre os seus reinos, ducados e cidades-estado constituintes, e os mercadores alemães, até aí senhores do comércio Europeu, são forçados a procurar novos mercados a oriente. No seguimento desta prosperidade, e com o aumento de segurança em Lisboa com a conquista definitiva dos Algarves no século XIII, em 1256, Afonso III de Portugal constata o óbvio e escolhe a maior e mais vigorosa cidade do seu Reino para Capital, movendo para aí a Corte, os Arquivos e a Tesouraria (que estavam em Coimbra). Dom Dinis, o primeiro Rei a presidir todo o seu reinado em Lisboa, cria aí a Universidade em 1290, que transfere para Coimbra em 1308, apenas devido aos conflitos crescentes dos estudantes com os lisboetas. É nesta altura que a zona onde hoje está o Terreiro do Paço é reclamada ao mar, através de drenagens do terreno já lamacento (era rio livre até ao tempo da conquista, mas sedimentou devido aos depósitos do rio). Novas ruas são desenhadas, como a Rua Nova, e o Rossio torna-se pela primeira vez centro da cidade, roubando essa distinção à colina do Castelo. Outras construções de Dom Dinis foram uma muralha frente ao novo Cais da Ribeira contra os piratas, e renovações do Palácio Árabe (a Alcáçova, destruída no Terramoto de 1755) e da Sé.
Além das colónias de Portugueses nas cidades do Norte da Europa, colónias de mercadores do resto da Europa estabelecem-se em Lisboa, uma das mais importantes cidades do comércio internacional. Sem contar com os Judeus (que já existiam como Portugueses), os Genoveses são os mais numerosos, acompanhados de Venezianos e outros Italianos, além de Holandeses e Ingleses. Estes mercadores trazem para Portugal novas técnicas cartográficas e de navegação, além de técnicas bancárias, financeiras e outras conhecidas como o sistema do Mercantilismo, além de conhecimentos das origens Asiáticas dos produtos de luxo como as sedas e especiarias, que trazem do Oriente Bizantino e Islâmico.
Politicamente as tensões com Castela são contrabalançadas com uma Aliança assinada em 1308, que perdurou ininterruptamente até hoje, com o principal parceiro comercial de Lisboa (e também do Porto), a Inglaterra. A aliança forma um dos dois lados da Guerra dos Cem Anos, no outro lado estão, além de Castela, a França. No tempo de Fernando de Portugal inicia-se uma guerra com Castela, e os barcos lisboetas com canhões são recrutados assim como os Genoveses num ataque mal-sucedido a Sevilha. Em resposta os castelhanos põem cerco a Lisboa, tomando-a em 1373, mas são pagos para se retirarem. É no seguimento deste desastre que são construídas as Grandes Muralhas Fernandinas de Lisboa. Socialmente em baixo viviam todo o tipo de jornaleiros e mercadores de rua, além dos pescadores e dos agricultores das hortas de vegetais. São desta época as várias Ruas dos ofícios, nas quais se organizavam as corporações dos mesteirais, dirigidos pelos Mestres: Rua do Ouro (ourives); Rua da Prata (joalheiros de pratas); Rua dos Fanqueiros; Rua dos Sapateiros; Rua dos Retroseiros e Rua dos Correeiros. Estas corporações educavam os aprendizes e tinham sistemas de protecção social e controlo dos preços que beneficiavam os seus membros. A aristocracia, atraída pela corte, estabelecia-se construindo grandes palácios, e desempenhava funções burocráticas. Mas a mais importante classe social de Lisboa, mesmo após o ganho de funções políticas enquanto capital, era a dos mercadores, a burguesia que era a força deste núcleo comercial que era dos mais importantes da Europa. São os magnatas do comércio que controlam a cidade e o seu Concelho oligárquico. É devido às necessidades destes que se organizam na cidade os profissionais: banqueiros para coordenar os riscos; homens das Leis para proteger e manipular os seus direitos legais; especialistas e cientistas para construir os seus barcos e instrumentos de navegação. Com a sua influência, conseguem extrair da Monarquia medidas mercantilistas que os favorecem, e são o grande impulso à exploração de novos mercados. A Companhia das Naus é fundada, uma verdadeira companhia de Seguros, que exige pagamento de cotas obrigatórias de todos os armadores em troca da partilha de perdas após naufrágios, organizando os mais de quinhentos grandes navios dos magnatas da cidade. Com os crescentes lucros, os mercadores mais ricos adquirem títulos de nobreza, enquanto os fidalgos mais pobres se dedicam ao comércio.
Entre as minorias, contavam-se as dos Judeus e dos Muçulmanos (não só mouros mas também árabes e latinos islamizados de língua árabe). Havia uma grande Judiaria que ocupava as freguesias de Santa Maria Madalena, São Julião e São Nicolau, na Rua Nova e dos Mercadores (onde ficava a Grande Sinagoga). Os Judeus (talvez 10% da população, ou mesmo mais) são grandes comerciantes, com ligações aos seus correligionários por toda a Europa, Norte de África e Médio Oriente, e os que não praticam o comércio constituem grande parte dos letrados, como médicos, advogados, cartógrafos e especialistas nas ciências ou artes. A sua actividade é fundamental para a vitalidade da economia da cidade. Entres Judeus Sefarditas de Lisboa contam-se grandes nomes como os Abravanel. No entanto são forçados a viver separadamente, proibidos de sair à noite, obrigados a usar distintivos nas vestes e pagam impostos extra, além de serem sempre as primeiras vítimas em situações de revolta popular.A Mouraria era o gueto correspondente para os muçulmanos, contendo a Grande Mesquita, situada na Rua do Capelão. Contudo não eram prósperos e educados como os Judeus, já que as elites muçulmanas tinham fugido para o Norte de África, enquanto os Judeus letrados falantes de Português não tinham outra Pátria. A maioria eram trabalhadores de baixo nível de qualificações com salários baixos, e muitos eram escravos de cristãos. Também eles tinham de usar símbolos nas vestes e pagar impostos extra, e sofriam as violências das multidões. O termo saloio provém do imposto especial que os muçulmanos pagavam e que cultivavam as hortas nos limites da cidade, o salaio; assim como o termo alfacinha vem do cultivo desses vegetais pelos árabes, então pouco consumidos no Norte. No entanto a prosperidade da cidade viria a ser interrompida. Em 1290 ocorre o primeiro grande terramoto histórico, morrendo milhares de pessoas e desmoronando-se muitos edifícios. Novos terramotos registam-se em 1318, 1321, 1334, 1337 e um grande em 1344 que destrói parte da Sé e da Alcáçova, em 1346, 1356 (destrói outra porção da Sé), 1366, 1395 e 1404 possivelmente todos resultantes de reajustamentos na mesma falha. A fome surge em 1333 e em 1348 surge pela primeira vez a Peste Negra, que terá morto metade da população, com novos surtos de menor mortandade em cada década, à medida que nasciam mais pessoas susceptíveis. Estas catástrofes destruíram em Lisboa, como na restante Europa, a Civilização vibrante da Baixa Idade Média, com as suas catedrais e o seu espírito de Cristandade universal, mas prepararam o caminho para o surgimento da nova Civilização dos Descobrimentos e do novo espírito científico.

Revolução: Lisboa conquista Portugal
O novo capitulo da história de Lisboa nasce com a grande revolução da Crise de 1383-85. Após a morte de Fernando de Portugal, o Reino passaria para o Rei de Castela. Os grandes aristocratas e clérigos do Norte, possuidores de grandes propriedades no Sul que adquiriram após a Reconquista, tem interesses e cultura semelhantes às dos Castelhanos com ênfase nas distinções sociais baseadas na possessão da terra, no espírito de cruzada contra os Mouros no Norte de África, e nos benefícios da união de toda a Hispânia. Contudo não são esses os interesses dos mercadores de Lisboa (muitos dos quais pequenos fidalgos). Para Lisboa, a união com Castela significaria uma diluição das ligações comerciais com a Inglaterra e o Norte, e também com o Médio Oriente; além de um desvio de atenções dos privilégios aos mercadores e da construção de barcos comerciais e de guerra, para os exércitos terrestres e os privilégios aos Nobres. É por isso que os mercadores e pequenos fidalgos mercantes apoiam antes o Mestre de Avis, Dom João. A guerra de 1383 é no fundo uma guerra entre a Aristocracia conservadora católica e medieval, muito semelhante e ligada às suas congéneres Galega e Castelhana, do antigo Condado Portucalense centrado no Minho; e os mercadores ricos e pluralistas de Lisboa. Os Nobres do Norte tinham fundado e conquistado o País e para eles o domínio crescente de Lisboa ameaçava a sua supremacia enquanto a aliança com os Nobres Castelhanos a restabelecia. Para os Lisboa, uma cidade do comércio, as práticas feudais e as guerras terrestres dos Castelhanos eram um risco para os seus negócios. São os burgueses que ganham a luta, com as suas ligações inglesas e capitais avultados: o Mestre de Avis é aclamado João I de Portugal, vencendo o cerco de Lisboa de 1384, e a Batalha de Aljubarrota sob liderança de Nun'Álvares Pereira em 1385 contras as forças de Castela e dos fidalgos do Norte. A nova aristocracia portuguesa é formada a partir dos mercadores Lisboetas, e é só a partir desta data que o centro de Portugal passa realmente do Norte para Lisboa, tornando Portugal numa espécie de cidade-estado, em que quase apenas os seus interesses determinam o rumo e a independência do País.
Os novos nobres burgueses constroem os seus palácios ou paços no bairro de Santos; outros edifícios são os da Universidade em Alfama, que regressa a Lisboa; a Igreja do Carmo; a Alfândega; e alguns dos primeiros edifícios de habitação em toda a Europa com vários andares, até cinco. A cidade é composta de ruas estreitas e tortuosas, a maioria de terra batida, em que as casas alternam com as hortas e os pomares. A cidade continua a crescer, e o largo abandono das técnicas de regadio muito produtivas dos muçulmanos significam que é necessário importar trigo da Castela, França, terras do rio Reno e até de Marrocos. Lisboa é uma cidade que cresce demasiado para o País, e este torna-se num território circundante semelhante aos de outras cidades comerciais. Lisboa, juntamente com Antuérpia no Atlântico servem a mesma função de organização do comércio que Veneza, Génova, Barcelona ou Ragusa no Mediterrâneo; ou Hamburgo, Lubeck e outras no Báltico. A politica externa segue os interesses de Lisboa: são assinados acordos comerciais e de cooperação com as cidades-estado comerciais de Veneza (acordo de 1392), Génova (1398), Pisa e Florença, cujos mercadores já habitavam na cidade, e muitos dos quais são naturalizados e se tornam Nobres Portugueses. Ceuta é conquistada em 1415 para permitir aos mercadores Lisboetas um melhor controlo local (e luta contra os piratas sarracenos) do comércio Mediterrânico que passava para o Norte através das Colunas de Hércules assim como a exportação do trigo marroquino a melhores preços. Além disso nesse tempo Ceuta recebia as caravanas do ouro e do marfim, comércio que os Lisboetas queriam dominar, e temia-se a tomada da cidade pelos Castelhanos da rival Sevilha ou dos Aragoneses de Barcelona. A Aliança com a Inglaterra, um dos seus maiores clientes, é prosseguida.

Lisboa a Senhora dos Mares
Esta colaboração estreita com os Italianos, que dominavam a navegação no Mediterrâneo desde o tempo do Império Romano, trouxe frutos à cidade de Lisboa. Várias expedições se empreenderam com tripulações Italianas e Portuguesas, nas quais foram descobertos os arquipélagos dos Açores, Madeira e Canárias. Alguns afirmam que terão mesmo chegado ao Brasil. Estas ilhas permitem o estabelecimento de novas cidades-portos, úteis para a exploração de novos mercados. A prosperidade de Lisboa fica ameaçada quando o Império Otomano invade e conquista os territórios Árabes do Norte de África, Egipto e Médio Oriente no século XV. Os Turcos são inicialmente hostis aos interesses de Lisboa e das suas aliadas Veneza e Génova, e o comércio das especiarias, ouro, marfim e outros bens sofre fortemente. Os mercadores de Lisboa, muitos descendentes de Muçulmanos ou Judeus com ligações ao Norte de África, reagem procurando negociar directamente com as fontes dessas mercadorias, sem usar os mediadores Muçulmanos. As ligações dos Judeus Portugueses aos Judeus Magrebinos, e a conquista de Ceuta, permitem aos mercadores de Lisboa espiar os mercadores Árabes, descobrindo que o ouro, os escravos e o marfim vêem para Marrocos em caravanas pelo deserto do Saara, a partir das terras do Sudão (que nesse tempo incluía todas as pradarias a sul do Deserto, o actual Sahel); e que as especiarias como a Pimenta são levadas para os portos do Mar Vermelho no Egipto a partir da Índia. A nova estratégia dos mercadores Portugueses, Cristãos e Judeus, e Luso-Italianos é navegar directamente à fonte dos materiais.
O grande impulsionador deste objectivo é o Infante Dom Henrique, que se baseia na cidade de Tomar. Sede da Ordem de Cristo (antigos Templários), e de uma grande comunidade de mercadores Judeus, a cidade está também muito ligada a Lisboa pelo comércio dos cereais e frutos secos (uma das principais exportações de Lisboa). Os capitais e conhecimentos do Oriente dos Templários e Judeus foram sem dúvida fundamentais para se conseguirem os propósitos dos mercadores Lisboetas. O Infante Dom Henrique é o impulsionador de um projecto que não foi ele que imaginou, mas sim os mercadores de Lisboa. Estes que sustentavam através dos impostos e taxas alfandegárias a Monarquia, tornando-a praticamente independente dos recursos dos Nobres territoriais, convertem-na aos seus propósitos mercantilistas. O Infante Dom Henrique é o organizador de um certo dirigismo de Estado: os grandes riscos e capitais necessários à abertura das novas rotas precisam da cooperação de todos os mercadores através do Estado (como hoje muitos projectos de grande capital são empreendidos internacionalmente). O Infante Dom Henrique organiza e dirige os esforços dos navios portugueses de atingir as fontes do ouro, marfim e escravos, que estes por si mesmos já empreendiam de forma ineficiente. Com os capitais da Ordem de Cristo, são fundadas escolas de marinheiros e concentrados recursos e conhecimentos, dos mercadores Lisboetas Judeus, Luso-Genoveses ou Luso-Venezianos, para atingir o objectivo. Várias expedições são lançadas sob a forma de contratos com alguns dos mais influentes burgueses de Lisboa, até que o Golfo da Guiné é finalmente atingido por volta de 1460.
Nesta época há nova tentativa dos Nobres Feudais nortenhos que permaneceram, de retomar o controlo do Reino, assustados com a crescente prosperidade dos mercadores lisboetas contra as suas perdas de rendimento. O propósito é a facilidade da conquista de Ceuta, que abre perspectivas de mais conquistas relativamente fáceis no Norte de África. Esta empresa seria favorável aos nobres, que ganhariam saque e mais terras e arrendatários em Marrocos, mas é contrária aos interesses dos Mercadores-Fidalgos e Judeus de Lisboa, que seriam os pagadores dos impostos extra necessários às expedições e que procuram antes investir as forças e recursos do Reino na descoberta dos novos mercados Africanos e Asiáticos e não em aumentar ainda mais o poder da hostil e pró-castelhana Nobreza Portucalense. Todas as lutas que Dom João II de Portugal manteve, com a ajuda dos mercadores Lisboetas, contra esses Nobres exprimem esta realidade subjacente de luta entre Lisboa e o Norte, o antigo Portucale berço da nação, pela definição do rumo do País. Após várias conspirações e incidentes, nas quais, novamente, os Nobres Nortenhos pedem auxílio aos seus congéneres Castelhanos, vencem mais uma vez Lisboa e os seus mercadores, e os cabecilhas são executados, entre os quais os Duques de Bragança e Viseu, mortos em 1483 e 1484. Todos os projectos de expansão terrestre em África são abandonados em troca do comércio nas novas terras descobertas mais a Sul. Depois da morte do Infante Dom Henrique, quando o caminho já estava aberto, inicia-se a iniciativa privada. O mercador Lisboeta Fernão Gomes é o primeiro, sendo-lhe reconhecido monopólio sobre o comércio africano em 1469, em troca de descoberta de 500 quilómetros de costa para Sul a cada ano e 200.000 reais. As ilhas da Madeira e dos Açores receberam população, e programas de cultivo de produtos comerciais para Lisboa são implantados prioritariamente: a cana de açúcar e o vinho. Na recém-descoberta Guiné, produtos baratos como potes de metal e tecidos são trocados por ouro, marfim e escravos a partir de feitorias controladas pelos Lisboetas: os nativos deslocam a sua actividade económica para trocar com os Europeus, mas não são conquistados, já que seria dispendioso. Fazem-se casamentos dos habitantes das feitorias com as filhas dos chefes locais, facilitando as trocas: o objectivo é o lucro e não a colonização. O resultado é um novo impulso para o comércio de Lisboa. Na capital aparecem o açúcar de cana e o vinho da Madeira, o trigo de Ceuta, o almíscar, o indigo e outros corantes de roupa, algodão do Norte de África e significativas quantidades do ouro da Guiné e do Reino do Gana, em grande falta na Europa no fim do século XV. Além disso são traficados de forma brutal escravos Berberes das Canárias e depois Africanos. Os primeiros escravos são distribuídos pelo território Português, e aparecem os primeiros Africanos de pele escura mesmo nas terras do interior, comprados pelos senhores das propriedades. Um produto inovador foram as malaguetas. Estes frutos picantes seriam cultivados na Índia (para onde foram levadas pelos mercadores Lisboetas) mas são originárias da Guiné. Rapidamente este bem de monopólio Lisboeta ganhou favor na culinária Mediterrânica.Contudo os melhores mercados e produtos viriam de outra descoberta, a Índia e o Oriente. A guerra entre o Império Otomano e Veneza aumenta muito os preços da pimenta e outras especiarias e da seda trazidas pelos venezianos para a Itália, para Lisboa e daí para o resto da Europa a partir do Egipto que recebia barcos árabes vindos da Índia no Mar Vermelho. Para contornar o "problema turco" é organizada a viagem de Vasco da Gama, mais uma vez por iniciativa dos mercadores Lisboetas mas com capital régio, que chega à Índia em 1498. Daí os mercadores atingem a China onde fundam a colónia comercial de Macau, as ilhas da Indonésia, e o Japão antes do fim do século XVI. No caminho estabelecem contratos comerciais em portos de escala com os chefes e Reis em Angola e Moçambique. Um grande Império colonial é consolidado por Afonso de Albuquerque, cuja armada segura o Oceano Índico e portos em localizações convenientes, para os mercadores vindos de Lisboa contra a competição dos turcos e árabes. Não são tomados territórios mas apenas portos e fortes de trocas com os nativos. Do outro lado do Mundo, Pedro Álvares Cabral chega ao Brasil em 1500.
O resultado para Lisboa são os novos produtos que trafica com a restante Europa em regime exclusivo durante muitos anos: além dos produtos africanos chega a pimenta, canela, gengibre, noz moscada, plantas medicinais, tecidos de algodão e os diamantes pela Carreira das Naus da Índia; as especiarias da Molucas, as porcelanas Ming e a Seda da China, os escravos de Moçambique, o pau-brasil e o açúcar brasileiros. Além disso continua o comércio do peixe (bacalhau salgado pescado na Terra Nova), os frutos secos e o vinho. As outras cidades portuguesas, como o Porto e Lagos, contribuem para o comércio externo apenas de forma marginal, praticamente limitando-se a exportar e importar de Lisboa. Os Lisboetas controlam ainda muito do comércio de Antuérpia, da qual importam tecidos finos para o resto da Europa. Os mercadores Alemães e Italianos, vendo as suas rotas, terrestres no caso dos primeiros, Mediterrâneas para os segundos, largamente abandonadas, fundam grandes casas comerciais em Lisboa reexportando os produtos de todo o mundo para o Leste da Europa e para o Médio Oriente. Lisboa é o mercado para os gostos de luxo das elites de toda a Europa: Veneza e Génova arruínam-se e a Inglaterra e Holanda vêem-se obrigadas a imitar os Portugueses para travar as perdas de divisas. Os Lisboetas controlam durante várias décadas todo o comércio desde o Japão até Ceuta. A cidade ganha fama que chega a mito, e no século XVI é sem dúvida a mais rica cidade de todo o Mundo. Para ela migram comerciantes de toda a Europa, que se misturam com as já substanciais minorias Judaicas e Muçulmanas, além dos grandes números de escravos Africanos (seriam entre um décimo e um quinto da população) e até alguns Indianos, Chineses e mesmo Japoneses e Índios brasileiros. No tempo do Rei D. Manuel I de Portugal, nas ruas de Lisboa as festas são feitas com desfiles de leões, elefantes, rinocerontes, camelos e outros animais não vistos na Europa desde o tempo do Circo Romano. Um rinoceronte e um elefante chegam inclusivamente a ser oferecidos ao Papa. Na Europa o mito de Lisboa e das suas descobertas é tão grande que quando Thomas More inventa a sua ilha da Utopia, tenta dar-lhe credibilidade dizendo que foram os Portugueses a descobri-la.
Para organizar todo o comércio privado e recolher os impostos, são criadas na capital do século XVI as grandes Casas Portuguesas de comércio: a Casa da Mina, a Casa de Arguim, a Casa dos Escravos, a Casa da Flandres (Países Baixos) e a célebre Casa da Índia. Os grandes lucros são usados na construção de outros edifícios: são deste século o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém no novo estilo Manuelino (que evoca o comércio de além-mar), o Forte de São Julião da Barra numa ilha do Tejo, o Terreiro do Paço, o novo e imponente Palácio Real (destruído em 1755) e o Arsenal militar todos construídos junto ao Mar da Palha; e ainda o Hospital Real de Todos-os-Santos, e inúmeros palácios e solares privados. O impulso à pavimentação das ruas com formas geométricas e desenhos formados por cubos de calcário branco e basalto preto (a calçada portuguesa) foi um luxo iniciado na época, que outras cidades da Europa não podiam pagar. A cidade expandia-se atingindo quase 200.000 habitantes, sendo construído o Bairro Alto, inicialmente conhecido por Vila Nova dos Andrades em honra dos ricos burgueses galegos que aí se estabeleceram, e que rapidamente se torna o bairro mais rico da cidade. É inaugurada em 1552 a Feira da Ladra, que ainda funciona hoje no mesmo local.
Culturalmente vive no século XVI em Lisboa a geração de ouro das Ciências e Letras portuguesas: entre os cientistas o humanista Damião de Góis (amigo de Erasmo e Lutero), o matemático Pedro Nunes, o médico e botânico Garcia da Orta e Duarte Pacheco Pereira; entre os escritores Luís de Camões, Bernardim Ribeiro, Gil Vicente e outros. Isaac Abravanel, um dos maiores Filósofos Hebreus, é nomeado Tesoureiro do Rei. Socialmente todas as classes beneficiam. Os fidalgos urbanos da administração Real e os Burgueses são os mais beneficiados, mas mesmo o povo vive com luxos inatingíveis para os Ingleses, Franceses ou Alemães seus contemporâneos. Os trabalhos pesados necessários são feitos pelos escravos Africanos e pelos Galegos. Os primeiros são vendidos na Praça do Pelourinho, sendo separadas as famílias, e trabalham todo o dia sem salário, sujeitos a tratamento brutal. Aos segundos certamente compensava a viagem face às condições miseráveis da Espanha rural, e a língua praticamente idêntica facilitava a integração.
Os Judeus incluem como sempre alguns pobres e outros que se contam entre os mais educados e ricos comerciantes, financeiros e letrados da cidade. Em 1496 os espanhóis expulsam os Judeus do seu território, animados pelo espírito fundamentalista de uma Monarquia exclusivamente cristã. Muitos vêm para Lisboa, tendo provavelmente a sua população duplicado (seriam depois da expulsão um quinto dos Lisboetas, ou mesmo mais). Em troca de um casamento real, os Reis Católicos de Castela e Aragão pedem a D. Manuel I de Portugal que faça o mesmo. Reconhecendo à importância central dos Judeus na prosperidade da cidade, Dom Manuel decreta antes que todos os Judeus são Cristãos e não os deixa sair do País. Durante muitos anos estes cristãos-novos praticam o Judaísmo em segredo ou abertamente e apesar de motins e violências contra eles (como muitas crianças que são arrancadas dos pais e dadas a famílias cristãs que as tratam como escravos) são tolerados até à implantação da Inquisição em Portugal, muitos anos depois. O resultado é a ascensão social dos cristãos-novos. Temporariamente sem as limitações dos Judeus, progridem até aos mais elevados cargos da corte. Novamente são as antigas elites descendentes da antiga aristocracia das Astúrias e da Galiza (os Nobres de Portucale) que criam problemas à ascensão social dos Judeus, frequentemente melhor educados e mais hábeis que eles. O mal-dizer dos Cristãos-Velhos culmina em massacres dos Cristãos-Novos em 1506 incitados pelos Priores menores das Igrejas. Vários milhares terão sido assassinados, só terminando com a derrota pelas tropas do Rei das milícias populares. Como resultado dos conflitos, o Rei é persuadido pelos Nobres territoriais a introduzir a Inquisição (em 1531) e as limitações legais a todos os descendentes de cristãos-novos (semelhantes às antigas contra os Judeus), que os impedem de ameaçar os cargos superiores do Estado à Aristocracia dos cristãos-velhos. O primeiro auto-de-fé (morte de heréticos na fogueira) é realizado no Terreiro do Paço em 1540. Além da Inquisição surgem outros problemas. Em 1569 há a grande Peste de Lisboa, em que terá morrido um terço da população.
A inquisição mata na fogueira muitos Cristãos-novos, mas expropria a propriedade e as riquezas de muitos outros. Muitos mercadores cristão-velhos são expropriados também após uma denúncia anónima falsa, que os inquisidores aceitam como válida já que as riquezas dos condenados para eles revertem. Por outro lado poucos mercadores não teriam ascendência cristã-nova, devido aos casamentos comuns entre filhos de burgueses que eram sócios em empresas importantes. A Inquisição torna-se assim um instrumento de controlo social na posse dos antigos cristãos-velhos contra quase todos os mercadores Lisboetas, restituindo-lhes finalmente a supremacia há muito perdida.
É neste clima de intolerância e perseguição, em que os lucros obtidos pelos riscos e o génio dos mercadores bem sucedidos é desfeito pela inveja dos grandes proprietários de terras (que rendem muito menos), que a prosperidade de Lisboa é destruída. O antigo clima Liberal propício ao comércio desaparece e é substituído por um fanatismo católico e conservadorismo absolutos. Às elites do País exige-se o sangue puro antigo e cristão-velho, ou seja, do Norte. Muitos dos mercadores fogem para a Inglaterra ou Holanda onde se estabelecem difundindo os conhecimentos navais e cartográficos dos Portugueses. Lisboa é tomada pelas mentalidades feudais dos Grandes Nobres, e os mercadores Portugueses, sem condições de estabilidade, segurança, apoio e crédito devido às perseguições da Inquisição, são incapazes de competir com os mercadores Ingleses e Holandeses (muitos deles de origem Portuguesa) que lhes roubam os mercados da Índia, Indonésia e China. Em sua substituição as elites de Portucale convencem o débil Rei, Sebastião de Portugal a virar-se para a conquista de um Império territorial, com mais terras e rendimentos para os Nobres, no Norte de África, que lhes permitiria manter a supremacia económica frente aos mercadores. Após o desastre militar de Alcácer-Quibir em 1578, os Aristocratas recolhem-se mais uma vez aos braços dos seus congéneres de mentalidade semelhante de Castela. Desta vez bem sucedidos, em 1580 o Castelhano Filipe II de Espanha é declarado Rei Dom Filipe I de Portugal, depois de derrotar o candidato dos enfraquecidos mercadores, o Prior do Crato, Dom António (o qual era cristão novo e mais liberal, filho de mãe Judia). Filipe I completa assim a ambição do seu pai o Habsburgo Rei Carlos I de Espanha também Imperador Carlos V do Sacro Império Romano (Alemanha), e Senhor da maior parte da Itália e Holanda que afirmara famosamente Se fosse Rei de Lisboa, seria em breve Rei do Mundo.

Domínio Filipino
Filipe I de Portugal, o primeiro dos Habsburgos Portugueses, é assim o primeiro Rei da Hispânia. Apesar de desde 1492 os Reis Católicos Isabel I de Castela e Fernando II de Aragão terem dominado o que hoje é a Espanha, o título de Rei das Espanhas foi inicialmente usado para Felipe II quando conquistou Portugal e portanto, de facto, todas as Espanhas. Filipe I tenta inicialmente conciliar os interesses da Nobreza na aquisição de mais territórios na Europa, do Clero em derrotar os Protestantes e da burguesia em eliminar a concorrência e pirataria dos Ingleses e Holandeses. Todos os barcos capazes de acção militar de Lisboa, Sevilha e Barcelona são reunidos numa Invencível Armada que é enviada contra a Inglaterra. Devido a uma grande tempestade e à perícia dos Almirantes Ingleses, a armada é destruída. Esta derrota converte finalmente o Rei aos interesses da Nobreza territorial. Grandes exércitos (os Terços) de mercenários, pagos pelos mercadores e comandados pelos grandes Aristocratas de sangue puro Cristão-Velho, como o Duque de Alba, são formados e atravessam a Europa para tomar as cidades e terrenos férteis dos Países Baixos Calvinistas para o benefício dessa mesma Nobreza. Enquanto isso os Holandeses e Ingleses dominam os mares, e incapazes de conquistar os Impérios territoriais Espanhóis do México e Peru, concentram-se em tomar as feitorias, portos e colónias costeiras dos Portugueses, que traficam com Lisboa. São tomados os portos Nordestinos do Brasil, Luanda em Angola, portos da África Oriental, o Cabo da Boa Esperança, Ceilão (hoje Sri Lanka), Malaca e as Ilhas Molucas na Indonésia, a ilha de Formosa (hoje Taiwan), a licença de comércio no Japão e outros portos.
Lisboa, com os seus mercadores já sob perseguição da Inquisição (que expropriava os Cripto-Judeus e mesmo os Cristãos genuínos), perdera grande parte da sua frota no desastre da Invencível Armada que pagava impostos altíssimos para sustentar os Exércitos dos Nobres Espanhóis na Europa, perde agora a maioria dos seus portos e produtos e é finalmente e irreversivelmente arruinada, rapidamente perdendo importância. Em 1598 a catástrofe é aprofundada por um terramoto e pela peste. Finalmente Filipe II de Portugal torna-se exclusivamente Filipe III de Espanha e depois o seu filho apenas Filipe IV de Espanha quando, sob conselho da Nobreza Castelhana e com a aquiescência dos Nobres territoriais Portugueses, absorve o Reino de Portugal no Reino de Espanha. Lisboa, a grande cidade cosmopolita é agora uma cidade de província sem qualquer influência junto dos Grandes Espanhóis de sangue puro, que governam da então Conservadora e Fundamentalista Católica Madrid. Nesta época a cidade perde actividade económica e habitantes, diminuindo a população até menos de 150.000.
As construções deste período cabem em duas categorias: as defesas contra os piratas do Norte, e os edifícios religiosos que apelam para a lealdade à Monarquia Universal Católica pretendida pelo Rei. Foram construídos o Torreão, um maciço edifício junto ao Terreiro do Paço, que não sobreviveu ao terramoto de 1755; o Convento de São Vicente de Fora; novas muralhas com novas disposições de acordo com a engenharia militar da época, como a Torre do Bugio numa ilha no meio do Mar da Palha; e fortificações em Cascais, Setúbal e na margem Sul. Os piratas ingleses e holandeses, como Francis Drake, fazem diversos ataques a algumas praças Portuguesas, mas não se atrevem a atacar Lisboa. Com o declínio económico e o desemprego, aumenta muito a miséria e a criminalidade. As autoridades Espanholas são obrigadas a introduzir uma espécie de corpo policial, os quadrilheiros que patrulham as ruas da cidade e controlam o crime de rua, as lutas, a bruxaria e o jogo. Segundo algumas crónicas do tempo, a taxa de assassinatos no início do ano 1600 seria mesmo superior, numa cidade de 150.000 pessoas, à de hoje em Lisboa com 2.500.000. Os problemas para o comércio na cidade aumentam quando os Catalães, um povo mercador como o de Lisboa, também oprimidos pelas taxas castelhanas, se revoltam em 1636. É a Portugal que Madrid vem exigir os homens e os fundos para derrotar os Catalães, numa tentativa de usar os de Portugal contra os da Catalunha. É então que os mercadores da cidade se aliam à pequena e média nobreza. Tentam convencer o Duque de Bragança, Dom João, a aceitar o trono, mas este, como o resto alta Nobreza, é beneficiado por Madrid e só o prospecto de se tornar Rei o convence finalmente. Os conspiradores assaltam o Palácio do Governador, aclamando o novo Rei Dom João IV de Portugal, com o apoio inicialmente do Cardeal Richelieu de França, e depois a velha Aliança retomada com a Inglaterra.

O Ouro do Brasil
A Lisboa pós-Restauração é uma cidade cada vez mais dominada pelas ordens religiosas Católicas. Mais de 40 conventos são fundados na cidade em adição aos 30 já existentes, e os religiosos ociosos cuja sustentação é assegurada pelas esmolas e expropriações, contam-se aos muitos milhares, constituindo mais de 5% da população da cidade. O clima político é cada vez mais conservador e autoritário e a Inquisição, depois de destruída a classe mercadora, concentra-se no controlo das mentalidades, vigiando as ideias e a criatividade, que suprime em nome da pureza da Religião. Os segundos e terceiros filhos, que não recebem a profissão do pai, e que antes se dedicavam ao comércio e às empresas além-mar, agora simplesmente se refugiam nas ordens religiosas e vivem à conta de outrem, a maioria das vezes de forma apenas superficialmente religiosa. A situação de ruína económica é finalmente resolvida não pelos projectos bem sucedidos dos mais capazes empreendedores, mas pela exploração colonial pura e pelos subsídios do Estado: é descoberto Ouro no Brasil, no actual Estado de Minas Gerais. O Estado Português, sem quase nada contribuir, apossa-se por impostos de um quinto do ouro extraído, que começa a chegar a Lisboa em 1699 e cujas receitas Reais rapidamente chegam às várias toneladas anuais (mais de 15 toneladas após 1730) representando quase todo o orçamento do Estado. A desligação do empreendimento económico e da riqueza, devido ao ouro que é extraído por uma fracção do custo, permite a manutenção do novo clima conservador autoritário na Capital. Em Portugal o Poder é de quem tem o Ouro, que não deseja reformas e pretende manter o Antigo Regime. Será nesta data de falsa prosperidade que o País se tornará irremediavelmente atrasado em relação ao Norte. Com o ouro, obras faraónicas simbólicas da finalmente atingida supremacia absoluta das forças sociais conservadoras Portuguesas, o Clero Católico e a Aristocracia Territorial, são construídas no novo estilo da Contra-Reforma, o Barroco. O mais significativo é o gigantesco Convento de Mafra (acabado em 1730 por mais de 50.000 trabalhadores, mas nunca usado), nos arredores da cidade; o Panteão Nacional (ou Igreja de Santa Engrácia) em Lisboa; grandiosas modificações do Palácio Real juntamente com inúmeros Palácios Aristocráticos e algumas obras úteis mas construídas com desperdício, como o Aqueduto das Águas Livres (1720). Contrastando com a enorme riqueza corrupta das altas elites, o povo vive na miséria. A cidade cresce com a necessidade de mão-de-obra para as construções faraónicas, para 185.000, mas após as obras não há emprego. São deste período as primeiras descrições de Lisboa como uma cidade suja, degradada e não europeia: apenas dois séculos depois de sob-governo dos mercadores liberais, ter sido conhecida como a mais prospera e cosmopolita da Europa.
Termina este período em 1 de Novembro 1755, dia de Todos os Santos, em que ocorre o grande terramoto de Lisboa. Ás nove horas e quarenta minutos a terra começa a tremer com uma intensidade que provavelmente não foi ultrapassada até hoje em todo o Mundo. Após cerca de um minuto, regressa a calma, seguida de novo tremor. A população acorre às praças com espaço junto ao rio Tejo, para morrerem afogadas pelo enorme Tsunami que vem do Atlântico. Depois do sismo, Lisboa está em ruínas. O grande Torreão Real, a Casa das Índias, o Convento do Carmo, o Tribunal da Inquisição, o Hospital de Todos-os-Santos são destruídos. Das 20.000 casas das classes mais baixas, de construção menos sólida, 17.000 são destruídas. Sobrevive o rico Bairro Alto, alguns edifícios de pedra sólida e poucas outras áreas. Seguem-se as pilhagens e os grandes incêndios. No fim, dos 180.000 habitantes, mais de 10.000 terão morrido e muitos outros perderam toda a sua propriedade. É esta catástrofe que abala a confiança do Antigo Regime, e dá espaço ao Ministro, o Marquês de Pombal, de tentar pôr finalmente em prática em Portugal as reformas cientificas e liberais já usadas com sucesso no Norte, da novas teorias políticas e económicas do Iluminismo.

Século das Luzes
O Marquês de Pombal Sebastião José de Carvalho e Melo, Ministro da Guerra e dos Negócios Estrangeiros e oriundo da Baixa Nobreza, reagindo celebremente às ruínas do terramoto, terá dito que era necessário enterrar os mortos e cuidar dos vivos. Uma ideia que vai desenvolver de seguida a nível da Economia e Sociedade Portuguesas. O Poder da Igreja é limitado e a sua falange, os Jesuítas, é expulsa do País. O Poder da Aristocracia Territorial Conservadora, é brutalmente suprimido, numa série de conspirações e contra-conspirações, que acabam com a cruel execução da família que lidera a reacção, os Távora. Estes tinham sido responsáveis por um atentado ao Rei, José I de Portugal numa tentativa de proclamar o conservador Duque de Aveiro Rei, e demitir Pombal. A Inquisição é extinta e os cristãos-novos, ainda então constituindo a maior parte das classes médias educadas e liberais da cidade e do País, são libertados das suas limitações legais e é-lhes finalmente permitido o acesso aos altos cargos governamentais, anteriormente monopólio legal da Aristocracia de "sangue-puro". A industria é apoiada de forma algo dirigista mas vigorosa, sendo estabelecidas várias fábricas reais em Lisboa e noutras cidades, que prosperam. Após o período Pombalino há 20 novas fábricas por cada uma que existia anteriormente. Finalmente os vários impostos e direitos alfandegários dentro de Portugal, prejudiciais ao comércio, são largamente abolidos. Em todos estes propósitos, Pombal apoia-se nas doações e empréstimos dos mercadores e industriais Lisboetas. Em Lisboa, o Marquês, recusando os conselhos de alguns que pretendem mover a capital para outra cidade, ordena a reconstrução de acordo com as novas teorias de organização urbana, após ordenar uma avaliação da situação real através de um inédito inquérito à população. É ainda o Brasil que paga quase toda a reconstrução, com mais de 20 milhões de cruzados. A cidade recebe ainda ajudas de países como a Inglaterra, a Espanha e a Hansa alemã, enchendo-se de estaleiros de construção, enquanto o Rei e os nobres vivem em Palácios de madeira enquanto os novos de pedra são erigidos. Chega a ser considerado uma mudança do centro para Belém, mas um novo projecto para a Baixa, o bairro mais atingido, é formulado por Eugénio dos Santos e aprovado pelo Marquês: em vez de ruas estreitas e edifícios instáveis produzidos pela construção aleatória dos habitantes, é o próprio Estado que se encarrega de construir ruas largas (para evitar a queda de destroços em caso de sismos, mais do que para permitir o tráfego) em grelha, com prédios de vários andares. Estes são construídos segundo as mais modernas técnicas, em gaiola, ou seja, sobre um esqueleto sólido de traves de madeira que lhes confere flexibilidade em caso de sismos; têm fachadas neoclássicas e janelas em guilhotina, e são dispostas de modo a atrair as classes médias. O centro passa de ruas mais a leste para a nova Rua Augusta, rodeada de novas ruas como as do Rei, Príncipe, a nova Rua do Ouro, e outras. O Terreiro do Paço é reconstruído em arcadas com o famoso Arco para a Rua Augusta que existe hoje, e nos novos edifícios são instalados então os ministérios, tribunais, o Arsenal, a Alfândega e a Bolsa, assim como uma Estátua a Dom José I de Portugal.No entanto não são as classes médias educadas que para lá se mudam, mas são artesãos e donos de lojas: são eles que criam então o verdadeiro centro comercial em que o bairro se transforma e continua até hoje. Também o Rossio é remodelado, segundo projecto de Carlos Mardel. Numa alusão significativa, o antigo Palácio da Inquisição será substituído pelo Teatro Nacional Dona Maria II. No local onde antes estava o grande Hospital de Todos-os-Santos é construída uma nova praça para uma mercado: inicialmente conhecida por Praça Nova ou das Ervas, hoje é denominada Praça da Figueira. A cidade só acabará de ser reconstruída em 1806.
Novamente moderadamente prospera a cidade cresce sob a liderança de Pombal até aos 250.000 habitantes em todas as direcções geográficas, ocupando os novos bairros da Estrela, Rato (com novas fábricas de cerâmica), Alcântara, Ajuda, Sapadores, e as Amoreiras (onde estavam as novas fábricas da Seda, cujos vermes são alimentados das folhas dessa árvore). O Primeiro-Ministro tenta de todo o modo estimular as classes médias, que via como essenciais ao desenvolvimento do país e ao progresso. São formados os primeiros cafés, propriedade de Luso-Italianos: alguns sobrevivem hoje desse tempo, como o Martinho da Arcada no Terreiro do Paço; o Nicola no Rossio, cujo dono Liberal iluminava a fachada após cada vitória política progressista; entre outros. Surge o hábito das soirées sociais entre os burgueses mais ricos, com a participação inédita de mulheres, em que a Nobreza conservadora não participa. É deste modo que surge novamente em Lisboa a classe média burguesa autoconsciente, composta de cristãos-novos e cristãos-velhos provenientes do Povo, a origem dos movimentos políticos pelo Liberalismo e pela República, que se manifestam nos novos Jornais da capital.
Pombal viria a ser demitido após a morte de Dom José, e a ascensão ao trono da muito religiosa Dona Maria I de Portugal, cuja grande contribuição foi a Basílica da Estrela. Aconselhada pelo Clero e pelos Nobres conservadores, além de demitir o primeiro-ministro procurou limitar e até reverter algumas das suas reformas progressistas, num movimento denominado a Viradeira. Segue-se a deterioração das condições económicas que muito tinham melhorado no tempo Pombalino, e os problemas orçamentais. Para lidar com a miséria e criminalidade novamente crescentes, é criada a Polícia sob liderança de Diogo Pina Manique em 1780. Renova-se a perseguição política desta vez sob forma secular. A Polícia persegue, prende, tortura e expulsa todos os progressistas: maçons, jacobinos e liberais; os jornais são submetidos à censura; muitas obras de Filósofos Liberais ou Protestantes proibidas e os cafés vigiados por polícias à paisana. A cultura é controlada e todas as manifestações menos Católicas são ilegalizadas, incluindo o antiquíssimo Carnaval.

Guerra Civil: Liberais e Conservadores
No fim do Século XVIII, com a Revolução Americana de 1775, ganham peso as ideias Liberais por toda a Europa. Na França estala a Revolução em 1789. Em Lisboa os Liberais jubilam com a derrota da Aristocracia Francesa. Rapidamente se radicaliza a Revolução em Paris, caindo nas mãos da extrema-esquerda, e o centrista Napoleão Bonaparte é chamado ao Poder pela Burguesia assustada, acabando por autonomear-se Imperador. A sua política na Europa é o Bloqueio continental, ou seja a proibição do comércio com a Inglaterra. Aliado deste País, Portugal recusa e Napoleão envia Junot à frente de um grande exército para conquistar o País. Junot entra em Lisboa no dia 30 de Novembro de 1807. A Família Real portuguesa, alta Aristocracia e Clero haviam fugido no dia anterior. Junot é a princípio bem vindo pelos Lisboetas e estabelece-se no Palácio de Queluz. As novas ideias Liberais são discutidas pela burguesia Lisboeta com os oficiais franceses nos cafés da cidade, em especial no Nicola do Rossio, onde se estabelece o Quartel General Francês. Todos esperam a continuação das reformas do Marquês de Pombal, mas Junot não quer estimular ideias radicais e nada faz. Portugal é antes considerado um País a dividir: Lisboa seria directamente incorporada no Império Francês, enquanto o antigo Portucale seria ressuscitado no Reino da Lusitânia Setentrional seu cliente. A falta de reformas e o comportamento violento dos soldados franceses leva finalmente à Junta do Supremo Governo a pedir o auxílio da Inglaterra. É enviado um corpo expedicionário liderado por Wellesley e Beresford, e os franceses em menor número, são obrigados a retirar-se em finais de 1808 entrando simultaneamente, seguindo um acordo de retirada. Os Ingleses entram na cidade onde se estabelecem em Arroios. Lisboa sofre economicamente com a abertura dos portos do Brasil à Inglaterra. Os Ingleses recebem de Dom João IV, residente no Rio de Janeiro, o controlo do governo da cidade e País, que administram como uma colónia. Os burgueses partidários da França são executados. São então construídas defesas nos acessos à capital em Torres Vedras, onde desde o tempo dos Romanos acabava o território de Lisboa. Aí é vencida e forçada a retirar a nova força de invasão francesa liderada por Massena, em 1811. Daí partiriam os Ingleses e alguns Portugueses sob o comando do General Wellington para libertar a Espanha. Napoleão será finalmente derrotado em 1815.
Com os burgueses de Lisboa sob opressão dos Ingleses, são os burgueses do Porto que tomam controlo da cidade e se rebelam contra o colonialismo Inglês e pelo Liberalismo em 1820, seguidos pelos de Lisboa a que se juntam, expulsando os Governadores Ingleses num Golpe de Estado. As Cortes são convocadas pelos Liberais e é promulgada uma Constituição de 1822, uma Carta dos Direitos do Homem, e o fim dos privilégios do Clero e da Nobreza. O filho do Rei, D. Miguel de Portugal encabeça os Reaccionários Conservadores Absolutistas, e inicia a Guerra Civil, contra as forças Revolucionárias Constitucionalistas Liberais do seu irmão, o Imperador Pedro I do Brasil, depois Pedro IV de Portugal. É Dom Pedro que vence a guerra em 1834, mas a Constituição promulgada é mais conservadora que o esperado.

In Praia da Claridade, 31 de Julho de 2005

Coisas Gerais e nossas

André Veríssimo, PR. KoaH

1. Na primeira vaga a componente de riqueza era predominantemente agrária. Os meios de produção de riqueza eram, portanto, a terra, alguns implementos agrícolas (a tecnologia incipiente da época), as sementes, e o trabalho do ser humano (e de animais), que fornecia toda a energia que era necessária para o processo produtivo. Do ser humano esperava-se apenas que tivesse um mínimo de conhecimento sobre quando e como plantar e colher e a força física para trabalhar. Todavia esse ritmo arqueotecnológico ainda subsiste. Essa forma de produção de riquezas trouxe profundas transformações sociais, culturais, políticas, filosóficas, institucionais, etc., em relação ao que existia na civilização que a precedeu (civilização nomádica). Na segunda vaga, a forma de criar riqueza passou a ser a manufactura indústrial e o comércio de bens. Os meios de produção de riqueza se alteraram. A terra deixou de ser tão importante, mas, por outro lado, prédios (fábricas), equipamentos, energia para tocar os equipamentos, matéria-prima, o trabalho do ser humano, e, naturalmente o capital (dada a necessidade de grandes investimentos iniciais) passaram a assumir um papel essencial enquanto meios de produção. Dos agentes sociais esperou-se que pudessem entender ordens e instruções e que cumprissem com efectividade a ordem dos códigos, tempos e actividades previstos. Essa nova forma de produção de riquezas também trouxe profundas transformações sociais, culturais, políticas, epistemológicas, críticas, estéticas, jurídicas, etc., em relação ao que existia na civilização anterior.

Na terceira vaga, a principal inovação está no facto de que o conhecimento passou a ser, não um meio adicional de produção de riquezas, mas, sim, o meio dominante. Na medida em que ele está omnipresente, é possível reduzir a participação de todos os outros meios no processo de produção. O conhecimento é o substituto último de todos os outros meios de produção. O conhecimento e a comunicação na estratégia militar tornou-se o ingrediente indispensável de armamentos inteligentes, que são programáveis para atingir alvos específicos e seleccionados.
As distinções entre a racionalidade e a a-racionalidade, a racionalidade e a não-não-racionalidade, entre a racionalidade e a irracionalidade na crença e nas acções são hoje as mais importantes para a maioria dos seres da sociedade da informação. Por exemplo a decisão para aceitar uma proposição racional se houver as razões adequadas para sua aceitação e essa decisão estiver feita na base daquelas razões. A matemática e a lógica fornecem exemplos do paradigma de decisões racionais. Algumas outras distinções podem ainda ser adicionadas. Desde que os conceitos usados nas distinções acima feitas que não admitem graus, como a opinião, e têm desse modo de classificar o carácter no contraste às noções tipológicas vagas.
Na civilização da terceira vaga, as coisas mais importantes numa empresa ou uma organização são intangíveis.

A estrutura familiar é hoje pluridiversificada.

A civilização da sociedade da informação é esta e este é o seu rosto. A razão está no facto de que os sistemas sociais, isto é, a sociedade, se desmassificou, e, consequentemente, se complexificou, a tal ponto que, hoje, é impossível geri-la sem informação e sem tecnologia da informação (computadores e telecomunicações). Nicholas Negroponte um dos gurus desta sociedade da informação diz-nos que: o futuro será “totalmente wireless, completamente wireless! Os nossos netos vão ficar horrorizados quando souberem que utilizamos fios para usar o nosso computador. E não falo apenas dos fios de conexão. É um absurdo utilizarmos fios para energia eléctrica, também. Isso vai acabar.”

O agenda-setting promove uma insurrecção do real e gere os modos sobre o qual pensamos e isso muda de forma dramática e não meramente sugestiva o reequacionamento normativo dos valores objectivos.

Como refere Tuchman num estudo sobre produção das notícias, também estas se «apoiam e, simultaneamente, reproduzem as estruturas institucionais […] as notícias são realizações artificiais produzidas de acordo com padrões particulares de compreensão da realidade social. Estes padrões constituídos como práticas e processos específicos de trabalho legitimam o status quo e, nessa medida, as notícias tornam a realidade social opaca em vez de a revelarem» (Tuchman, 1980). Certas técnicas servem apenas para iludir, como é o caso do «directo», onde «são dissimuladas as questões da selecção e do tratamento da informação, da construção do real a partir de factos e opiniões, escolhidas e disponibilizadas sob a forma de texto, sons ou imagens». (...) Os mass media têm uma enorme influência sobre a agenda pública. Este poder ficou conhecido como agenda setting, ou seja, a capacidade que os media têm de decidir, não o que as pessoas devem pensar, mas sobre que assuntos devem pensar. Este sistema de prioridades sociais que o público toma como suas pode, assim, ser conduzido e controlado. Mas, de um modo geral, a pesquisa sobre este tema revelou-se incapaz de equacionar as implicações políticas de tal poder dos media — o processo de agenda setting não é politicamente inócuo. ( Apud, «Análise Social», Número 174, Volume LX, 2005, João Pissarra Esteves, Espaço Público e Democracia, Comunicação, Processos de Sentido e Identidades Sociais, Lisboa, Edições Colibri, 2003).

Temos que compreender os veículos de indícios de uma nova civilização que nem sempre será bem-vinda.

2. Memória nossa de Iehudim: Comemoramos os nossos antepassados na antiga sinagoga do Porto: Saúdo todos os nossos irmãos marranos especialmente os Kol Anussim e seu Coordenador -- aqui fica a nossa passagem dum extracto de Damião de Góis – Crónica do Felicíssimo Rei D. Emanuel... e a certeza de que me emocionei ao acender umas velas na Kadoorie pela alma dos meus avós transmontanos e também na celebração do Kaddish em Bairro da Velha JUDIARIA no Porto “Antes que el Rei fosse de Lisboa para Almeirim, ordenou Tristão da Cunha à Índia por capitão de uma armada, da qual, e do que nesta viagem se fez se dirá adiante, no ano de mil quinhentos e oito, em que tornou. Pelo que nestes dois capítulos, que são já derradeiros desta primeira parte tratarei de um tumulto, e levantamento, que aos dezanove dias de Abril, deste ano de mil quinhentos e seis, em Domingo de Pascoela fez em Lisboa contra os cristãos-novos, que foi pela maneira seguinte. No mosteiro de São Domingos da dita cidade estava uma capela a que chamava de Jesus, e nela um crucifixo, em que foi então visto um sinal, a que davam cor de milagre, com quanto os que na igreja se acharam julgavam ser o contrário dos quais um cristão-novo disse que lhe parecia uma candeia acesa que estava posta no lado da imagem de Jesus, o que ouvindo alguns homens baixos o tiraram pelos cabelos de arrasto para fora da igreja, e o mataram, e queimaram logo o corpo no Rossio. Ao qual alvoroço acudiu muito povo, a quem um frade fez uma pregação convocando-os contra os cristãos-novos, após o que saíram dois frades do mosteiro, com um crucifixo nas mãos bradando, heresia, heresia, o que imprimiu tanto em muita gente estrangeira, popular, marinheiros de naus, que então vieram da Holanda, Zelândia, e outras partes, ali homens da terra, da mesma condição, e pouca qualidade, que juntos mais de quinhentos, começaram a matar todos os cristãos-novos que achavam pelas ruas, e os corpos mortos, e os meio vivos lançavam e queimavam em fogueiras que tinham feitas na Ribeira e no Rossio a qual negócio lhes serviam escravos e moços que com muita diligência acarretavam lenha e outros materiais para acender o fogo, no qual Domingo de Pascoela mataram mais de quinhentas pessoas....”.

Shahar Ilan on religion and state, and the Haredim


Fri., April 28, 2006 Nisan 30, 5766

Fonte: Haaretz.com
Significado: HAREDI [noun] any of several sects of Orthodox Judaism that reject modern secular culture and many of whom do not recognize the spiritual authority of the modern state of Israel

Shahar Ilan has written extensively for Haaretz on the ultra-Orthodox community and on issues of religion and state. Ilan, who edits the daily features section of the paper, joined Haaretz in 1991. In a series of investigative articles in 1998, he revealed the large sums of state funding that were being channeled to yeshiva students who do not work, as well as the monies being funneled from various government ministries to Haredi educational networks. The series formed the basis for a book. Before moving to Haaretz, Ilan wrote for the paper's Jerusalem weekly Kol Hair, later serving as editor.
He answered readers' questions on Wednesday, December 10.
Why the hatred? While the Haredi politicians may have done wrong, secular politicians have done much worse and get away with it due to a justice system and media which have their own political agenda. We should be looking for the good between ourselves and recognizing the true enemies who are looking to destroy us.
AlLakewood, U.S.A.

Shahar Ilan:
I have no hate for Haredim. But in my work there is a degree of anger. This if anger of dodging the draft and differentiating between blood and blood. It is anger over fictitious reporting to falsely squeeze more money out of the state. It is anger over arrogance, viewing secularism as inferior and negating its values.

You point out that men who study in kollels and yeshivas do not work. Rightly or wrongly, they believe that they are saving the world by learning Torah 18 hours a day and praying. They believe that working at a job would be a distraction from this holy work. Can you comment on this?
Avi MorrisBrooklyn, NY, USA

Shahar Ilan:
A learned society where two thirds of the men study and do not work has never existed in the history of Israel or any other nation. It does also not exist in any other concentrated ultra-Orthodox society. Haredi men around the world work and support themselves. There is thus no reason that Haredi men in Israel should not do the same.

Do you see any signs of Zionism in ultra-Orthodox society? Could you also comment on the increasingly right-wing and anti-Arab slant of ultra-Orthodox politics?
Adam SandlerCambridge, U.S.A.

Shahar Ilan:
In two ways, the ultra-Orthodox are undoubtedly the most Zionist community in Israel: their firm determination to live in the Land of Israel and their vehement hate for Israel's enemies. Despite the trend among some of the community to live a modern life, there is no discernable trend toward Zionism. On the other hand, even in the secular society the devotion for Zionism is not what it was once. Opinion writers in the Haredi press often rejoice over what they see as Zionism's failure to create a safe homeland for the Jews in the Land of Israel. According to all the surveys, the Haredi public is the most right-wing population in the country and the most hostile to the Arab sector. But this is nothing new. These positions were only revealed to the general public in the 1990s when the ultra-Orthodox became the deciding force in the peace process.

If Israel is the land of the Jewish people, how is it different from any other country if not for the religion? Should it not avoid becoming less and less religious as a state?
Alex BrenerCaracas, Venezuela

Shahar Ilan:
The assumption that Judaism is necessarily Orthodox or religious seems to me to be wrong. My Judaism is secular. I see the Sabbath as a huge contribution to the world, by the Jewish people, but do not see any reason why one cannot watch a movie or use public transportation during the day of rest. I respect Jewish spiritual leaders as well as female spiritual leaders. I see an important value in relationships, including those between people of the same sex. I believe that we need to exercise tolerance and sympathy for the foreigner who lives in our midst, rather than persecuting him and expelling him. I am certain that Israel would be much more of Jewish if it adopted such values.

How do secular Israelis view the Haredim? Are they considered "Israeli" by secular Israelis, and/or do they consider themselves Israelis? How do they view Zionism?
IlyaU.S.A., U.S.A.

Shahar Ilan:
Within 20 seconds to 5 minutes, every discussion between a secular and Haredi person will get to the argument "but you do not serve in the army." Above all, the Haredim are seen by secular people as draft dodgers and slammed for allowing others to fight and die for them. Furthermore, they are also see as budget bleeders who are quick to cheat the state out of benefits, as a sector with primitive and strange practices which tries and forces its way of life on everyone else, without practicing what it preaches to others. Are these opinions born out of ignorance and fear of the "other"? Undoubtedly. Have the rabbis and politicians of the Haredi population in Israel unfairly earned this reputation? Certainly.

Is there a proposal for reform which would allow Haredi men to do national service, like religious women, instead of being confined to the yeshiva and being jobless? I believe, this would solve many social problems.
KedemParis, France

Shahar Ilan:
Under the Finance Ministry's economic austerity plan, the law has been changed and yeshiva students over the age of 23 are allowed to work while continuing their religious studies. An absurd situation has thus evolved under which anyone who quits the yeshiva must do army service to be able to then get a job, while anyone who remains at the yeshiva is allowed to work. Is this logical? No. Is it surprising that this is illogical? Also no. All amendments made to the draft deferral conditions have merely increase the inequality, as has this one.

How long can we expect the Labor and Likud parties to pander to Haredi interests? Do you feel that with the emergence of Shinui as a serious force and the current failing economy that there is hope that Labor and Likud will alter their policies over Haredi interests and they will no longer be held political hostage by the Haredi parties?
HarryModi'in, Israel

Shahar Ilan:
There are two major factors in the government policy toward the ultra-Orthodox sector in the last year: One is the treasury's position that Haredi men must no longer be allowed to get away with not financially supporting their families and must be sent out to work. This has been done by amending the draft deferral law for yeshiva students and by reducing the financial benefits they receive. The second factor is the fact that the ultra-Orthodox parties are not part of the governing coalition and thus are finding it harder to protect the benefits they have collected over the years. Indeed, there have been a number of cuts to allowances for Haredim, inlcuding to the budget for yeshivas and child allowances. Since some of these amendments are being implemented gradually, we will only know in a number of years if they have achieved their goal. The question, however, remains whether the ultra-Orthodox get back these benefits should they get back into the government.

How many Haredim live in Isrel? How long does it take for Haredim to double in numbers?
Alexis PetriFrankfurt am Main, Germany

Shahar Ilan:
There are no precise numbers as the Central Bureau of Statistics does not classify people according to their level of orthodoxy. Economists estimate that there are about 300,000 Haredim - about 5 percent of the Israeli public - while geographers say closer to 500,000 and those linked to the world of Haredi advertising say 800,000. I personally tend to accept the figures from the geocartography research institute which puts the population at 600,000 - or 10 percent of the population.According to Prof. Eli Berman of University of California, San Diego, the ultra-Orthodox population doubles itself every 15-16 years.

I saw a flash movie on the Gush Shalom Web site. Two statements in it caught my attention: "Religious laws dictate the lifestyle of non-religious Israeli citizens", and "No separation between religion and state. Non-Jews are discriminated in most areas." Could you enlighten me on these points?
Nemesis Copenhagen, Denmark

Shahar Ilan:
The State of Israel is defined as a democratic, Jewish state and not only as a democracy. Numerous laws are thus a result of this. It is very hard for a non-Jew to get citizenship. Marriage and divorce are carried out according to halakha (Jewish tradition) and there is no option for civil marriages in the country. A couple with different religions must travel abroad to get married. The Arab sector is badly discriminated against when it comes to funds and jobs. Foreign workers have no chance of gaining citizenship. And this without even mentioning the not exactly sympathetic treatment of non-Jews by the religious and traditional Jewish communities. The truth: It is preferable to be Jewish in Israel.

Who comprises the 'ba'al b'teshuva' movement? Is it more successful among Israelis who identified themselves as secular or Israelis who identified themselves as traditional? And among which ethnic groups is it most successful?
David D.NYC, USA

Shahar Ilan:
As a generalization, one can say that secular people, particularly of Ashkenazi origin, tend to go to the extreme when they become newly religious and turn into extreme, ultra-Orthodox. In contrast, traditional Jews, predominantly of Sephardi origin, simply reinforce their religion, become more religious. The masses of newly religious Jews come from among the traditional, Sephardi communities, i.e. potential Shas voters. Recent years have seen more of a focus on bringing children back into religion and moving them to more religious schools. The funding for this comes from the ultra-Orthodox in the U.S.

Based on Israeli govt. statistics it appears that Haredi Israelis from birth to death cost the government overall less per capita than the general citizen when all services are totaled i.e. penal, social, education, courts, general public services etc. Your thoughts please on why the public perception is so contrary to the numbers.
Rena SheltonAspen, USA

Shahar Ilan:
I am not familiar with such statistics. The total government assistance to a yeshiva student and his family of 10 children in 1998 stood at NIS 11,000 net a month, or NIS 17,000 gross (around $4,000 in today's terms).This sum increased significantly only recently returning to this level due to cuts to child allowance. The financial support of even small families runs into the thousands of shekels every month. Two thirds of Haredi men do not work and thus do not pay income tax. Secular and religious tax payers are forced to foot the bill for this way of life. As far as I know, it is every man's right to decide whether or not he wants to work and to have as many children as he desires, but it should be up to him to support his family, and not out of the state budget.

I read a few of your articles. I must say you seem very, very hostile towards Orthodox Jews. One thing stands out, is your disdain for the Oorthodox "arrogance." We Orthodox Jews really believe there is a God - and that he gave us a set of rules to live by. However, Shahar Ilan thinks Gods rules are wrong or outdated and thinks they should be changed. And we're the arrogant ones?
Michael New York, USA

Shahar Ilan:
I am always in awe of those people who are not prepared to believe that the universe created itself but are able to explain to themselves how God created himself. In any case, I respect the beliefs of every person - Jew and non-Jew - as long as it does not harm others. I have not met many ultra-Orthodox people who respect my beliefs.

Given the current political make-up of the government (Shinui and NRP), what are the genuine prospects of the secularization of Israeli society? What are the chances that in the near future, Israel will recognize civil marriages, permit transport on the Sabbath and treat all denominations of Judaism (and other religions) with equality?
Jason ArditiSydney , Australia

Shahar Ilan:
Zero. Every since Shinui became part of the government, it has failed to chalk up any significant legislative successes. It has not done anything to complete the legislation of a constiution, there has been no progress on the matter of civil marriages and some 300,000 non-Jewish new immigrants still cannot marry here. No one is trying to operate public transportation on Sabbath. The status of progressive forms of Judaism is unchanged. Not only have yeshiva students not been drafted into the army, conditions for their draft deferral have been eased. By the way, surveys show that Shinui voters are not disappointed. This is due to the satisfaction that the Haredim are not in the government and the fact that the Israeli voter has already got used to the fact that their elected leaders never keep their promises.

Will there be a time when the Haredim will serve in the IDF to the same degree as everyone else?
Roy KinstonMelbourne, Australia

Shahar Ilan:
That seems like futurism at the moment. The Haredi rabbis refuse to let the boys go into the army, fearing that they will be exposed to the secular society and will be tempted out. There is no way to forcibly draft thousands of yeshiva students. It is even difficult to imagine the day when take any real economic sanctions against those people who refuse to serve in the army.

Should the ultra-Orthodox religious authorities in Israel be allowed to administer all matters of private affairs? If so, what does that mean for all those Jews who may be turned off by their decisions, and if not, how does Israel maintain its identity as a Jewish state?
Preston NealPreston Neal, USA

Shahar Ilan:
I fail to see the connection between the Orthodox monopoly over matters of the family and the desire to maintain the State of Israel's Jewish character. As far as I understand, Conservative, Reform and secular Jews can define their Judaism for themselves and maintain the state's Jewishness. There is no reason why Judaism should be expressed through dark matrimony laws which degrade and debase women. There is also no reason why coming into Judaism should only be done through the Orthodox movement. The Conservative and Reform movements convert people with far more feeling and humanity. There is also no reason not to allow secular conversions through identifying with the culture, the language and a desire to join the Jewish people.

What are the chances that the Reform and Conservative (and even other streams) will be officially recognized through the creation of respective religious courts with the autonomy to carry out marriages, conversions, etc?(A similar question was also asked by Keith Stern of Boston USA)
Yehuda Tzvi Jerusalem, Israel

Shahar Ilan:
The chances of recognizing Reform and Conservative marriages seem pretty slim. In the near future, anyone wishing to marry with a progressive rabbi will have to also go through a civil marriage abroad. It is certainly possible that sooner or later, the High Court of Justice will recognize progressive conversions.

Do you consider yourself a Haredi? If not, how are you qualified to write about them without sharing the same background and culture?
Ben ThomasLondon, UK

Shahar Ilan:
A writer is meant to gain knowledge and understanding of the subject he covers. He is not necessarily meant to be part of the subject itself. A writer who covers the Arab world does not have to be an Arab. A writer who covers the space program does not have to be an astronaut. To tell the truth, it is far more important that a ultra-Orthodox affairs writer understand Haredi politics and finances than know how to read a page of Gamara. However, I have never come across a matter of halakha which was vital to my work that I could not learn and understand with a little help from my sources.

Is it possible to expect that in ten, or even fewer, years, Israel will also join the group of fundamentalist state in the Middle East with a religious government?
Patricia la MontMexico City, Mexico

Shahar Ilan:
Figures show that this could happen if 30-40 years. I do not however believe that the processes we see today will continue forever. The ultra-Orthodox community is growing at its current rate thanks to the government subsidies. But these are being cut. The result will be that a severe economic crisis will force many Haredi families to limit the number of children they have. The Haredi society has managed to build effective walls which have prevented its breakup. As it grows, the social supervision will be harder and joining the general society will be easier. Will there be more religious people in the country? Undoubtedly. Will Israel be a Jewish Iran? Doubtful.

How do the majority of Haredim, their leading rabbis see issues like the Separation Wall, road map, Geneva Accord and policies of Sharon government. How do they see the issue of Jewish settlements? How the pragmatic majority of Haredim see the Neturei Karta and other anti-Zionist organizations and rabbis (Moshe Hirsch)? Who is the real successor to Rabbi Schach in the Lithuanian Haredi community?
Marek CejkaBrno, The Czech Republic

Shahar Ilan:
The litmus test by which the Haredim test political positions is the treatment of the goy, the non-Jew. He who is compassionate to the goy and fights for their rights is considered to be less trustworthy. Some of the Haredim, especially the Lithuanian community, are prepared to make concessions and are opposed to the settlements. However, they do not trust the decision makers on the left and thus, like a large portion of center voters, they are prepared to make concessions, but only on condition that they be carried out by the right.

The fact that the core curriculum will seemingly never be applied in Haredi schools is a shocking disgrace. What would it take to apply the political will to correct this?
Shelley CorrinMontreal, Canada

Shahar Ilan:
Most of the Haredi political effort since the establishment of the state has been concentrated on blocking any recognition of the secular Israeli by the Haredi man. The Haredi has also been prevented access to education that would enable him to become part of the general public. Examples of this include the establishment of the independent Haredi education networks, and the refusal to compromise over the draft deferral for yeshiva students. The desire to prevent any possible integration into general society is also the reason for Haredim's refusal to include general studies in their schools. The only way to deal with this is to cut the budgets of these schools. It is not at all clear whether the government will have the guts, or desire, to do so.

Can the Shas phenomenon of the previous government be expected to re-emerge in future governments in either the same or different form?
DanielSydney, Australia

Shahar Ilan:
Of course. The fact that a secular government exists is an obvious miracle that goes against the laws of nature of Israeli politics. One must give thanks for this miracle, as long as it continues, but one must not expect that it will last forever.

As someone who knows Jerusalem and the way it is perceived better than most in this country, what can be done to re-integrate Jerusalem into the soul of the "center" of the country? And what is more important to focus on -- culture or the economy (places of work)?
Jacob Ner-DavidJerusalem, Israel

Shahar Ilan:
The only way to bring the secular population back to Jerusalem is to invest heavily in the city and create job opportunities, especially in areas such as high tech. This will not happen until a peace agreement is signed. Moving Hebrew University's Mount Scopus campus to the center of the city could revitalize the dying city center. On the other hand, it is not at all clear whether the ultra-Orthodox municipality is even interested in bringing the secular Israelis back to the city.

Why don't the secular understand, that without Haredim there is no Jewish People? What percentage of the Israeli population's ancestry, going back four generations where religious Haredim? Haredim have kept the Jewish people's continuity, the rest have evaporated and assimilated. Look at the US today and Germany in the 19th century.
Moshe ZafirNew York, USA
Shahar Ilan:
There is almost no link between the Israeli Haredi sect whose most sacred beliefs include dodging the army draft and avoiding work and the Judaism kept by our ancestors. Israeli ultra-Orthodoxism is a complete distortion of Judaism and the Jewish culture and it is doubtful that such Judaism should be sustained. In my opinion, Jewish leaders like Shulamit Aloni or Reform Rabbi Uri Regev are far more faithful to the Jewish tradition.

Considering that the economical situation in Israel is one of the worst in the last decades. Do you think that the Orthodox/Religious -Zionists are the main group of Jews who are immigrating to Israel?
Esteban BrombergBuenos Aires, Argentina

Shahar Ilan:
When talking about immigration from the West, the religious and ultra-Orthodox Jews do not make up the majority of the immigrants - but practically all the immigrants. It is safe to assume that this is because of the deep ties they feel toward the Land of Israel. In contrast, mostly secular Jews emigrate from the former Soviet Union states, mostly as this is seen as a way to improve their living conditions.

Why is the secular press in Israel allowed to get away with depicting Hareidim like the Nazis depicted the Jews? Instead of the Jews are our Misfortune, you secularist substitute Hareidim are our misfortune. Why do you have no shame?
Yechiel M. NakdimenLakewood, NJ, USA

Shahar Ilan:
Is it not possible to eliminate the phrase Nazi and its connotations from the Jewish dialogue? The Israeli press criticizes the behavior of the Haredi rabbis and politicians. One can agree with this criticism or reject it - but why cheapen the Holocaust?

Do most secular Israelis still support the idea of Israel as a specifically Jewish state?
James KingNew York, USA

Shahar Ilan:
Of course. Almost everybody does. But some are very much opposed to the unequal treatment of non-Jews by the state.
The Modern Orthodox actively participate in Israeli society, the economy and the military. Yet many in the secular arena, especially the self-styled elite, often direct their disdain (and even "hatred") at all the religious indiscriminately from Haredi to traditional. Is religious observance the key element in this baseless hatred among brothers?
Jay LefkowitzBrooklyn, NY, USA

Shahar Ilan:
True. Many secular people have a hard time differentiating between Haredim and national religious Jews / modern Orthodox. This comes from ignorance, but also from the fact that the modern Orthodox Jews were partners with the Haredim in their struggle for funds and legislating religious laws. This confusion is increased by the fact that Shas is a Haredi party, but both modern Orthodox and traditional Jews also vote for it. The modern Orthodox Jews are very much identified with the settlers, whom much of the Israeli public oppose.

Are Haredi schools drawing children away from state and state-religious schools, and if so, how is this affecting children's socialization in Israel? Also, what do you make of the Ministry of Education's decision not to enforce the core curriculum in Haredi schools?
EitanHerzliya, Israel

Shahar Ilan:
The Haredi schools intentionally prevent students from acquiring the knowledge that will help them make a living in the future. The Education Ministry's decision goes against Israeli law and a host of international agreements. It may indeed be that in the future, newly non-religious Israelis will file a petition against the state and the ministry for educational negligence.

How much money do you feel a state should spend on culture? You, as a cultured Israeli, enjoy the arts, cinema etc., Haredim don't. Why can't they perceive their way of life as their cinema, art etc. Why should the elite intellectual minority impose their values of a perfect society, on the rest of us?
RoseLA, USA

Shahar Ilan:
The state should indeed finance a group of several hundred learned scholars who study Torah in the traditional manner. Currently, the state finances 80,000 yeshiva students - two-thirds of Haredi men. This is intolerable

Why is Haaretz so anti-clerical oriented?
Ya'akov BarthTel-Aviv, Israel

Shahar Ilan:
Haaretz has a liberal policy and believes in freedom of speech and expression and is opposed to religious coercion. The paper thus often deals often with matters of religious coercion, budget battles and extreme statements by Haredi public figures. The reason for this is that the Haredi leadership is often characterized by such behavior.

Are you seeing signs of economic realism in the Haredi community? Have the current budget cuts which affect the large Haredi families pushed the power brokers in the Haredi world to reevaluate the institutionalized disdain for work?
JBIsrael, Israel

Shahar Ilan:
Rabbi Aharon Leiv-Steinman, one of the leaders of Degel Hatorah, has been touting a policy of proving Haredi men with professional training. Many of his fellow rabbis are vehemently opposed to his proposal. The recession and high unemployment also reduce the motivation of Haredi yeshiva students to leave the yeshiva and go out and work. This is, however, an important and interesting process, but one that is yet to catch on.

While the Haradeim have traditionally been affiliated with Ashkenazi Jews, I understand there has been a growth in Sephardic fundamentalist groups as well. What extent has this reached, and how does it differ with the more traditional Hassidic groups?
Harold CitronGreat Neck, USA

Shahar Ilan:
Shas, the Sephardi ultra-Orthodox party, has 11 mandates and make up some 9 percent of Knesset members. Out of some 300,000 Shas voters, most are traditional and modern Orthodox Jews, though one can assume that 50,000-100,000 of them are Sephardi Haredim. Though religion in Sephardi countries was characterized by tolerance, Shas has been very influenced by the extremism of the Ashkenazi Haredim, practically competing with them over extreme positions. One very strange phenomenon is the fact that Sephardi Haredim have adopted the style of dress of the Ashekanzi Haredim.

Tens of thousands of secular schoolchildren are leaving the secular school system for religious schools. Do you think that if the secular public would concentrate more on solving the problems endemic in secular schools such as violence, drugs and lack of respect for authority, instead of constantly attacking the religious schools, less kids would be attracted to the religious schools?
RobManchester, UK

Shahar Ilan:
Schools for the children of people who have recently become religious have two major advantages over the state system. The first is its missionary registration scheme that uses thousands of volunteer yeshiva students. The second is an extended school day financed by donations, mostly from the United States. If the state were to finance a long school day in socially deprived areas and run a campaign to register for public schools, these schools for the newly religious would quickly be emptied of their students.

Without religion in the government, Israel would become a country like any other Western country. With religion defining much of the country's identity, it resembles more its neighbors whose religious interpretations influence their governments, whatever form of coercion that entails. How is this dilemma to be solved if undue influence of religion is so pervasive?
I.GatLA, USA

Shahar Ilan:
You take the mistaken position that the Orthodox stream of Judaism has a monopoly over the religion and is the only way representative of the Jewish people. In practice, there are many ways to be Jewish, some Orthodox, some of the progressive Jewish movements, some secular - but all of which need to be given equal representation by the State of Israel.

Can you please let us have some statistics as to how many Haredim do not go to the army and do not work as a proportion of the population, or better still as a proportion of the religious community.
S. BenistyLondon, UK

Shahar Ilan:
Ninety-nine percent of Haredi men do not do any significant military service. Two-thirds of Haredi men are not part of the work force, though some are work unofficially. Two-thirds of Haredi women are not part of the work force, though some of them also work unofficially. This results in a large number of illegal work and tax evation within the Haredi sector.

Why doesn't the Israeli government suggest a sort of civil service that suits the Haredi community and meets their needs?
GabrielMontreal, Canada

Shahar Ilan:
The Haredi rabbis refuse to allow yeshiva students to do any military service, even two weeks of reserve duty a year. The reason for this is fear of exposing the yeshiva boys to the secular culture.

Why doesn't the Israeli government suggest a sort of civil service that suits the Haredi community and meets their needs?
GabrielMontreal, Canada

Shahar Ilan:
The Haredi rabbis refuse to allow yeshiva students to do any military service, even two weeks of reserve duty a year. The reason for this is fear of exposing the yeshiva boys to the secular culture.

Do a significant number of people from Haredi families become non-Orthodox or secular, or do all Haredim remain Haredi throughout their lives?
Nadav BarzelaiToronto, Canada

Shahar Ilan:
Only a few individuals leave the Haredi fold, it is a relatively small phenomenon. A few dozen use the services of organizations that assist the newly secular. One can also assume that a few dozen more leave without any such assistance. Many of those who leave are women as their education includes general, formal studies and often professional training.

You write often about issues of religion and the ultra-Orthodox and claim that you are just an objective reporter trying to uncover the honest truth. Fairness and intellectual honesty would dictate that a forum be given to a different approach as well - and that ultra-Othodox writers have the chance to respond to your serious charges. I challenge you to provide this opportunity.
Herschel GrossmanStaten Island, NY, USA

Shahar Ilan:
As editor of the guest opinions section, I can say that the number of offers of opinion pieces from Haredi writers is very small. My attempts to convince Haredi public figures and members of the Haredi media to send in opinion pieces have born little fruit. Understandably, Haredim prefer to write for a more sympathetic public rather than try and convince the readers of Haaretz.