Monday, June 08, 2009

TODOS OS MEUS DIAS SÃO LINDOS


TODOS OS MEUS DIAS SÃO LINDOS                                   

 

 

 

Daqui por muitos anos

 espero

que ao saudarem-me

me desejem

que tenha um lindo

passado.

Porque todos os meus dias

são lindos.

Como os de quem morre depois da guerra.

A vida foi a melhor forma

que a natureza encontrou

para unir

o meu nascimento

à minha morte.

É a distância

que serve para me juntar

a mim mesmo.

Que interressa o fim

se não é final de nada.

Por isso, quero que

todas as flores dos campos

sejam para o meu futuro.

O verde dos prados,

o chilrear dos pássaros.

Os campos, os prados e os pássaros

foram sempre do meu tempo,

e fizeram-me concluir

que o único órgão

do meu corpo

que não pára de crescer

é o coração.

Se a qualidade

e a verdade vêm sempre ao-de-cima

será o último suspiro

de um homem

afinal

o seu melhor suspiro?

A última visão

a melhor paisagem?

Um homem só se pertence

se for ele mesmo

quem se vence...

Eu sou o somatório

de derrotas e vitórias,

as minhas e as de quem amo.

Dizer isto é imenso.

Mesmo que o som

da Física

tenha sempre a mesma velocidade,

e nenhuma  das palavras

ditas ao mesmo tempo

chegue ao infinito

antes da outra.

Os pássaros não voam,

lutam,

 eu os vejo voar.

E isso fascina-me

porque não voo,

senão, nem isso me

fascinava.

Só a felicidade de ser feliz.

Até os sinos que nem crêem em ninguém,

como a alma mais piedosa,

quando tocam

chegam ao céu.

 

 

 

Manuel Barreiroin  Poemas Barrosões