Monday, May 05, 2008

Um dia diferente!

Andre Moshe Pereira


El Maleh Rachamim e o Yom HaShoah


Foi com o coração apertado e a alma diligente e a mente inquieta que no Sheraton, Porto ouvimos e rememoramos com o Hazan da Comunidade Mekor Hayim na récita de

El maleh rachamim shochayn bamromim

Ham’tzay m’nucha n’chona tachat kanfei ha’shekhina b’ma-a lot k’doshim u-t’horim k’zohar mazhirim lnishmaot k’doshaynu shehalchu l’olamim. Ana ba’al harachamim hastiraym b’tzel k;nafecha l’olamim u’tzror bitztror ha-chayim et nishmatam. Adonai hu nachalatam v’yanuchu v’shalom al mishkavam v’nomar amen , Sr. Marcos Medina com voz belíssima num dia triste da memória do Holocausto. Eis o sentido do Salmo: D.us Cheio de misericórdia, residindo nas alturas do Paraíso, traz o descanso apropriado sob as asas da Tua Shekhina, entre as ordens do sagrado e do puro, iluminando como a radiância dos céus as almas do sagrado a quem foi a para o seu lugar de eterno descanso. Podes Tu que és a fonte da mercê protegê-los sob Tuas asas eternamente, e unir as suas almas entre os que vivem, e que possam descansar em paz. E digamos ámen

O Sr. Aaron Ram, Embaixador de Israel em Portugal, lembrou que não podemos esquecer; falou da sanha persecutória nazista que levou seis milhões de pessoas e confidenciou-nos sobre a sua família, seus ascendentes, que foi assassinada pelos malditos nazistas, a tentativa revisionista que ainda existe do ponto de vista historiográfico e político e denegacionista. Lembrou-nos que não podemos esquecer. Pela memória de todos nós judeus pelos mortos 6 milhões de judeus. Nunca poderemos esquecer! Jamais. A nossa perspectiva do passado muda. Olhando-o agora, justamente para trás de nós só há terreno morto. Não o vemos; e que o não vejamos significa que não há época tão remota como o passado recente. Esse passado que está longe mas reaparece a cada esquina da memória, como hoje!

Lembrou-me isto tudo o significado do Kadish que em ocasiões de grande perda, a inclinação natural é questionar, rebelarmo-nos, rejeitar e “diminuir” D-us. Mas a tradição conclama o enlutado não somente a louvar a D-us, mas conduzir outros neste antigo poema de louvor. “Yitkadal vey-itkadash shmei rabá”, começa. “Que o Seu grande nome cresça exaltado e santificado para todo o sempre.” O Kadish foi escrito em aramaico, a língua popular dos tempos talmúdicos, assim seria compreendido por todos. Hoje, o aramaico quer dizer muito pouco para a maioria dos judeus, mas as palavras, ritmos e respostas alternadas do kadish mantêm seu poder emocional segundo o rabino Adrian Gottfried.

Presentes no Yom Hashoah (Dia do Holocausto) Memorial estiveram o Ministro de Israel para os Assuntos Económicos na Península Ibérica, Sr. Amos Wohl, nosso amigo que em particular nos lembrou que tudo acontece como um sinal de que o retorno do mal é possível! Presente o Sr. Cônsul de Israel em Portugal e responsável pelos Assuntos Económicos, Rafael Erdreich com uma menção muito nobre sobre todo o nosso papel de reflorescente actividade judaica. E Walter Mateus e outro distinto músico do Conservatório de Música de Gaia representaram em piano e violoncelo o Kol Nedrei de Max Bruch! Genial!

Presentes cerca de quatro dezenas de pessoas, judeus e outros convidados nossos para bem de Israel! Assim, estiveram activos a Comunidade Or Ahayim através de seus representantes André Veríssimo e Anabela Moraes e a Associação Sefarad, membros da Câmara de Comércio Luso-Israel e restantes convidados entre os quais destaco o Professor Adriano Vasco Rodrigues primeiro donatário do maior espólio existente no País justamente no Museu Judaico de Belmonte da família criptojudia de Felgar em Bragança; lembro aqui os Carqueja, os Rodrigues, os Pereira, os Cepeda, os Barros, os Dias, etc… alguns da nossa família que foram, vítimas da raiva e loucura Inquisitorial da “Santa” Inquisição.

Recomendamos, se nos permitem, por fim, o DVD Zuflucht in Shanghai (O Último Porto de Refúgio) Shanghai nos anos 1938-1946 e os judeus que viveram a experiência da II Guerra Mundial no Extremo Oriente e obviamente, o DVD de 1955: "Noite e nevoeiro" ("Nouit et brouillard") de Alain Resnais.