Tuesday, September 16, 2008

Os limites da transcendência e a vida de Israel

Os limites da transcendência e a vida de Israel

André Moshe-Pereira
Presidente Kehillah Or Ahayim


Quanto mais aprendemos do processo de destruição nazi e o que se tornou necessário para o seu processo de execução, mais difícil se torna negar que os pré-requisitos são componentes muito essenciais do nosso mundo contemporâneo. Face a tudo o que aconteceu e aparentemente apesar de tudo o que aconteceu e foi testemunhado, segundo alguns autores o mundo permanece essencialmente imutável.

Se a criação do universo dos campos de concentração e o patrocínio do estado do assassinato de seis milhões de judeus com as técnicas da moderna social industrial e a sua administração burocrática não é bastante para induzir a mudança radical socio-política e económica pela estima da nossa própria sobrevivência, há poucas conclusões que se podem enxergar que não sejam a resistência à remoção dos pré-requisitos pela auto-destruição que está profundamente enraizado, numa potente e intensa tendência da nossa tradição cultural.

Todas as tentativas para falar e agir como se este não fosse o caso ameaçador para nós com repetições de devastação. Repetições das quais pode não haver possível recuperação. Para além dessa “recuperação” que é hoje inconscientemente desejada como a nossa “essência” metafísica, a suspeição de que o mais fundo, o tão fundo como a Shoah permanece um evento transformativo de um mundo imóvel.

Se há alguma possibilidade de gratificar o esclarecimento do projecto de modernidade sob as condições singulares e rigorosas da existência contemporânea, esta tendência cultural deve ser exposto nas formas específicas que a mascaram e isso permite o funcionar do fundamento da inoperante vida diária. Assim exige-se antes a individuação do ético, vigília do lnfinito como provação das Nações, sair do ser por um novo caminho com risco de subverter certas noções que ao senso comum e à sageza das nações parecem as mais evidentes ( D E ); aí se comprovam que com a adesão de Heidegger ao nazismo em 1933, tal gesto revista de ora em diante como a justificação derivante da mesma filosofia, pelos crimes nazis.

Aqueles que ouviram, viram e lutaram por responder e entender o que a Shoah incinerava da perfeita imobilidade e desesperadamente mantinham promessas e ideais da civilização Ocidental. O que os horrores dos campos de concentração nos trouxe não muito significantes mudanças face ao des-astre.

Existem alguns espíritos inquietos; aqueles que na infinitude dos dias não negam o que se passou antes o recordam, os poucos que pensam ou ousam pensar outramente do que a tradição morta que culmina com os campos da morte e o seu legado.

O que esta nova forma de ver transmite é o de não reviver imaginativamente o que já aconteceu porque o impensável e o inimaginável permanece presente na face dos sobreviventes que esperam uma força e resposta transformativa das forças que assassinaram as suas famílias e dizimaram as suas vidas.

As sociedades de hoje vivem mudanças inauditas, produto das suas próprias transformações e dos seus tecidos socio-económicos e culturais como das mudanças que se operam à escala global, especialmente os derivados do aljôfar da revolução tecnológica. Da internacionalização da cultura e de um novo campo de conflitos políticos e económicos a nível internacional. Parece que o resultado de tais transformações parece não ser previsível a respeito da constituição de uma nova sociedade claramente definida. Revelam-se múltiplas e ambivalentes tendências, podendo coexistir com tendências caóticas com a regeneração societal e uma decomposição dos padrões de larga data. O manejo da incerteza constitui um elemento válido e central para a subjectividade e o comportamento dos actores sociais e políticos.